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Juarez Villela Filho
Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.
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Fórmula mágica
26/04/2005
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O que leva uma pessoa a acordar cedo num domingo e já estar com o coração acelerado? O que te tira o sono e te leva do êxtase ao inferno, do céu ao fel em poucas horas? O que mexe tanto com nosso humor, com nossa alma, como nosso coração? Futebol é apenas um jogo, dizem uns. Para o atleticano não, é uma paixão, uma verdadeira religião.
Confesso que mal lembro do 1ª tempo da final. Por sorte, estive ocupado até momentos antes da partida, não tendo criado dentro de mim aquela expectativa exagerada em relação ao jogo. Escutava a torcida adversária, vi de perto a troca de gentilezas entre o fraco e badalado Miranda e nervoso Aloísio, senti um frio na espinha ao ver Denis Marques perder um gol feito, mais um na verdade e de repente acabou-se a primeira etapa.
Bebo (e como), mas nem a gelada descia pela garganta. Vaguei sozinho pelos corredores da Baixada, meio zumbi, tenso, confiante mas tenso olhando o nada. Solitário no meio da multidão, como disse o Rei Elvis em 1956.
Segundo tempo, encontrei amigos, na verdade minhas amigas e parceiras de jogo e passei a ficar mais confiante, afinal, estávamos "invictos" vendo jogos juntos. Tensão, ataque, substituições, bola na trave, grito entalado, bola na outra trave, ataque, Lima, cabeça, Denis domina mal, que saco! GOL ! Sejamos honestos, a dominada errada de nosso atacante tirou o zagueiro do lance, coisas de time campeão.
Cera, botinadas, substituições, cansaço meu, imagina o deles em campo. Diego, "o cara", salvou duas, Lima pra dentro deles, Maciel infernal, Alan Bahia matando a pau e Capixaba mesmo assim era o melhor da linha. Marcou sem ser violento, distribuiu as jogadas sem inventar e correu. Parabéns pra ele, ainda bem que errou quando mais precisava.
Fim de jogo? Que nada, mais 30 minutos de martírio. Acho que estou ficando velho, anota aí, to mais pros 30 que pros 20 hoje em dia. Fiquei pra tio? Por enquanto sim. Moças, mandem e-mail com foto por favor. Sofri, gritei, mas acho que meu grito nem era ouvido, gritava pra dentro.
Pênalti. Todo atleticano sabe que nunca foi nosso forte. Diga-se, sempre foi um baita ponto fraco. E porque não bater nas traves da Buenos Aires, na meta de entrada? Sacanagem, pensei. Melhor assim, minha consciência disse. A única decisão nos penais dentro da Baixada foi perdida ali.
Pênalti. Não é o slogan da empresa que fornece material esportivo "deles": marca de profissional? Pois é, ironia, doce ironia.
Não vi entrega de troféus, Evangelino fazendo hora extra, verdes indo embora com aquela faixa "JÁ ERA", nem o TRI, nem choro, nem volta olímpica. Fui embora, agora sim bebendo, rindo por dentro, me segurando para não chorar por fora.
Não existe formula mágica para a paixão, para o amor e seu tivesse eu venderia (e bem caro). Pra felicidade existe sim, é só fazer lembrar dos dias em que somos campeões, em nossa majestosa casa frente o time coxa.
Um pouco fé, um pouco paixão, muito amor e disposição. Tens isso? Então encontraste a fórmula mágica da felicidade em ser atleticano, o melhor predicado que qualquer um de nós pode ter.
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