Eduardo Aguiar

Eduardo Aguiar, 51 anos, é jornalista e filho de um coxa-branca (ainda bem que existe a Teoria de Darwin, sobre a Evolução das Espécies!). Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2006.

 

 

O bolha

26/04/2005


É impressionante como um certo apresentador esportivo da TV, que tem a pachorra de se intitular jornalista, pode dizer tanta bobagem. Uma rádio de Curitiba está promovendo uma série de entrevistas sobre a intenção da diretoria atleticana de eliminar o fosso da Arena, e teve a infelicidade de abrir o microfone para este cidadão, persona non grata em Curitiba.

Pois não é que o infeliz não aprende mesmo? Depois de toda a armação promovida contra o Atlético no ano passado em seu programa, o cara voltou a falar ontem um amontoado de bobagens. Desacatou a diretoria do Atlético e a torcida. E depois ainda teve a pachorra de dar uma puxada de saco para ver se limpa a barra.

Para quem não teve o desprazer de ouvir a entrevista, o pseudo-jornalista disse, entre outras bobagens, que a diretoria do Atlético é "ditadora" e proíbe a entrada da torcida do coxa e de outros adversários na Arena. Asneira número 1: o Atlético sempre destinou 10% da carga de ingressos aos adversários, como determinam os regulamentos das competições que participa. Da mesma forma que, quando o Atlético joga na casa dos adversários, a torcida rubro-negra recebe também uma carga reduzida de ingressos. Só por esta declaração acredito a direção do clube já poderia processá-lo, se quisesse.

Depois, seguiu dizendo que, como o Atlético é um "clube ditador que não permite a entrada de outras torcida na Arena", não precisa de grades, pois "os atleticanos não têm com quem brigar". Asneira número 2: o imbecil não sabe que há tempos não existem grades separando as torcidas do Atlético e as dos adversários na Arena. Além disso, o exótico vendedor de sapatos e pneus não se tocou que a proposta do Atlético é por eliminar o fosso entre a arquibancada e o gramado, sendo que nunca se falou em grades ou separação de torcidas.

A "sumidade" disse ainda que a torcida do coxa é a maior do Paraná. Asneira número 3: o suposto jornalista desconhece as pesquisas do Ibope/Lance (esta aponta que os rubro-negros já são quase o dobro do que os alviverdes), Datafolha, Top of mindŠ Todas elas mostram, cientificamente, qual é a maior torcida do estado. Jornalista que se preze não pode ignorar dados como esses, a não ser que seja muito incompetente ­ ou muito mal-intencionado.

Por fim, o cidadão esbravejou que no ano passado a diretoria do Atlético armou uma "arapuca para dois torcedores atleticanos desde criancinha" e os culpou por ter arremessado um copo no gramado, livrando assim o clube de uma punição. Asneira número 4: os seguranças do clube retiraram a dupla da arquibancada porque os irmãos foram acusados pela própria torcida do Atlético de terem jogado objetos no campo. Ou seja, os funcionários apenas cumpriram uma exigência da CBF e do STJD, que é tomar as devidas providências quando ocorre algum ato antidesportivo em seu estádio. Se, depois, os dois alegaram ser inocentes, isso é uma outra história. Quem decide se os dois são culpados ou não é a Justiça. A orientação do clube para a torcida ­ muito correta, por sinal ­ é que a torcida colabore e ajude os seguranças do clube e a polícia a identificar os arruaceiros, desordeiros e qualquer um que arremesse um papel que seja dentro do gramado da Arena.

Bem, acho que o "bolha" bateu um recorde ao dizer tanta bobagem num espaço de tempo tão curto. Depois, para tentar limpar a barra, elogiou as atleticanas, dizendo que são "as mais belas torcedoras do Brasil" Como se esta constatação (que os freqüentadores da Arena já fizeram há uns 80 anos) fosse passar uma borracha em todas as grosserias anteriores.

Certo está o Juka Kfouri: existem dois tipos de jornalistas esportivos, os éticos e os sem-caráter. E o público sabe distingüir um do outro muito bem.

Mas, como diz o velho ditado, "a língua é o chicote da bunda". E os atleticanos ainda vão rir muito na hora em que o chicote começar a comer solto.


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