Ana Flávia Weidman

Ana Flávia Ribeiro Weidman, 41 anos, é servidora pública federal e já veio ao mundo comemorando uma vitória rubro-negra. É perdidamente apaixonada pelo Furacão e fica com os olhos marejados toda vez que vê o time entrando em campo e ouve os primeiros acordes do hino atleticano!

 

 

Atleticanismo (perdido?)

15/03/2015


Estou prestes a me tornar mãe! Nos próximos dias chegará a minha primeira filha e a alegria e ansiedade por este momento parecem que não tem fim. Desde que soube da gravidez e, depois de realizados os primeiros exames que indicavam que ela nasceria no fim de março, torço para que ela decida vir ao mundo no dia 26 deste mês, só para ela fazer aniversário junto com o Atlético!

Sinto, por vezes, que não deveria mais alimentar esse tipo de atleticanismo.

E digo isso porque tenho me perguntado se a minha filha vai viver o Atlético que eu aprendi a amar, ou vai conhecê-lo apenas das histórias contadas pela mãe. Da mesma forma como eu falo do Furacão de 49, de Ziquita e de Sicupira, ela falará de um Atlético que ela mesmo nunca vivenciou. Pode ser que eu consiga transmitir a ela o mesmo amor, a mesma paixão e que ela experimente alguns momentos passageiros de extrema euforia. Mas, tenho medo de que ela nunca sinta aquele atleticanismo que um dia já correu forte em minhas veias.

Não, não é culpa da nossa zaga. Nem dos nossos volantes limitados tecnicamente. Não são nossos laterais pífios que não acertam sequer um cruzamento nem os meias (RISOS) que me preocupam. Tampouco nosso esforçado técnico. Longe de o nosso problema ser o esquema tático, quem nos dera nossa preocupação fosse acertar a cobertura dos volantes quando os laterais sobem ou mudar do 4-4-2 pro 4-2-3-1. O problema do Atlético é bem maior que esse. É mais profundo. É muito mais delicado. É a forma como o Atlético tem sido administrado nos últimos anos. É o rumo que as coisas estão tomando. É o que o Atlético está se tornando: um clube sem alma. É isso que acaba comigo como atleticana que sou.

Precisamos falar e refletir sobre isso.

Temos um estádio com banner de copa do mundo ainda. Ainda também com poeira e acabamentos por fazer. Aquelas receitas prometidas como certas ao final da conclusão da Baixada estão longe de ser uma realidade. Ainda não vimos nenhuma prestação de contas a respeito das obras, não sabemos quanto devemos nem para quem devemos. E também não temos ideia de como iremos pagar.

Parece piada anunciar que 2015 seria o ano do futebol se erramos de forma absurda mais uma vez naquilo que é mais do que óbvio: o time precisa de reforços. Insistimos em não contratar, em fazer uma pré-temporada internacional bizarra, em sub-23. A única coisa que mudou este ano é que o resultado do planejamento pífio veio a galope, já em março.

É inadmissível, incompreensível, indefensável e inaceitável que o Clube Atlético Paranaense, com a estrutura que tem e com o orçamento que possui, esteja nessa situação no Campeonato Estadual, o qual é disputado entre apenas dois times profissionais e alguns outros bastante esforçados. Não há a menor justificativa.

E que não se culpe o torcedor. Ou a falta dele. Aí já seria falta de vergonha na cara.

Precisamos tratar o Atlético como um clube de futebol e não como uma empresa. O legado que ficará se as coisas continuarem como estão será trágico. Não pelas dívidas. Não pela obra inacabada. Mas pelo atleticanismo perdido. Esse sim, será difícil recuperarmos.



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