Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

Dicotomia eterna

11/02/2015


Mais um ano, mais uma temporada, mais um planejamento (ou não), e eu aqui, mais uma vez, dividida e titubeante entre a razão e a emoção, entre o querer e o compreender, entre o imediatismo e a paciência e, também, entre a admiração e a decepção “Presidencial”.

Por mais que eu seja uma atleticana tarimbada, que passou pelas transformações mais relevantes e incisivas do Clube, ainda não consegui alcançar o ponto de equilíbrio e permaneço aqui entre a cruz e a espada. Louca pra ver meu Furacão titular em campo e, quem sabe assim soltar o grito de campeão, mas ao mesmo tempo consciente da importância de usar o Paranaense como processo seletivo de craques.

Como é difícil se manter equilibrada diante de tantas expectativas! Tão difícil quanto equilibrar as contas desse futebol moderno e ainda assim ser competitivo, tão complicado quanto manter a essência em meio a esse balcão de negócios.

Queremos time, craques, revelações, ousadia, títulos, projeção, superávit, contas em dia, ingresso justo e cerveja. Viabilizar tudo isso, ao mesmo tempo, é que não está sendo possível!

Tento pensar a médio/longo prazo, entender o vanguardismo do nosso Presidente, enxergar além, mas a vontade de ver o Furacão no topo muitas vezes me cega completamente.

Quando ouço o meu coração, surgem tantas inquietações: aquela saudade tão grande de um título que até dá medo de não saber comemorar quando um próximo vir, a revolta pelo baixo investimento futebolístico, o inconformismo com o marketing pobre que se faz, além da indignação pela frieza com que muitas ações/condutas oriundas da Diretoria. Mas quando vem a razão, me recuso a fechar os olhos para todo o contexto que envolve o nosso Atlético e não me permito apenas esbravejar por jogadores sem reconhecer que os últimos anos foram ascendentes.

E quem dera a solução para todos os nossos problemas fosse definir o vencedor no duelo entre o certo e o errado, objetivo e subjetivo, responsabilidade e paixão, porque o futebol vive exatamente dessa fusão de fatores.

Só sei que, se coubesse exclusivamente a mim, a escolha entre sair da fila do Paranaense, botando a mão na taça, ou simplesmente focar nos campeonatos de relevância, como já vem sendo praticado nos últimos anos, eu sinceramente não saberia qual a decisão tomar.

Afinal de contas, apesar do êxito nessa forma de planejamento não ter sido evidenciada através de títulos, a forma diferenciada com que o Estadual vem sendo tratado nos rendeu a revelação de jogadores importantes e, principalmente, no “armazenamento de gás” do time principal para as competições mais prestigiosas.

De toda sorte, enquanto eu apenas me conformo com o que vem sendo feito pelo meu Atlético e sigo enxergando as coisas pelo viés da dicotomia, torço com todas as forças pelo cenário ideal: campeão com a piazada e um time principal regular e copeiro como nos segundos semestres dos últimos anos.


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