Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Ainda há tempo

10/02/2015


O texto é deste meio de fevereiro, mas poderia ter sido escrito logo após a final da Copa do Brasil sub 20 ou mesmo no dia seguinte ao fatídico e vergonhoso 1 X 7 em casa diante da Alemanha na semifinal do mais importante campeonato de futebol do mundo. Fomos humilhantemente derrotados em casa e parece que nada aprendemos. Na realidade, nada aprendemos mesmo!

As primeiras entrevistas do alto comando da CBF foram no sentido de apaziguar a situação. A tola tese de que foi somente um “apagão” de seis minutos que decretou a derrota ajuda a esconder a pobreza técnica de uma geração e a indolência tática e de preparação de nossos jogadores. Gostei do trabalho do treinador Dunga, mas o momento agora não era para resultados imediatistas (e os resultados de Dunga foram e seguem sendo muito bons), mas de resgate do futebol brasileiro, perdido no tempo e no espaço.

O discurso de que seguimos sendo os “melhores do mundo”, mesmo que desde 2006 a Seleção Brasileira já não seja brilhante como fora entre 1994 e a Copa da Alemanha, período em que inclusive o Brasil ergueu os canecos de todas as categorias segue como um mantra a enganar a péssima fase do futebol tupiniquim. E tudo começa na base.

Por isso citei a final da Copa do Brasil sub 20 quando o treinador corinthiano foi expulso por ficar o tempo inteiro xingando o trio de árbitros e ofendê-los acintosamente após o auxiliar não marcar um lance em que o jogador atleticano na realidade nem estava impedido e quase marcar o gol de empate. Belo exemplo!

Exemplo que deve ser dado ao garoto Junior Barros. Um bobão da geração Robinho, que só quer saber de penteados esquisitos e chuteirinhas coloridas, mal saiu das fraldas e quis dar uma de espertão atirando-se de maneira patética no chão quando viu que seria substituído. O árbitro acertadamente lhe deu o amarelo, que em sendo o segundo provocou sua expulsão que prejudicou todo o esquema do time, obrigou o treinador Marcelo a fechar o time demasiadamente cedo e trouxe a equipe visitante para dentro de nossa área de maneira perigosa. Uma irresponsabilidade que merece ser punida exemplarmente pela direção atleticana.

Assim caminha o futebol brasileiro, onde o sonho do jovem é ir para o futebol europeu ou do oriente médio ou mesmo asiático. Jogar pela Seleção Brasileira já não representa o maior sonho dessa turma que é escalada mais pelo vigor físico do que pela qualidade técnica, fato que o péssimo treinador das seleções de base, Alexandre Gallo destruiu a capacidade criativa brasileira no sul americano que recém terminou.

Vejo com esperança jovens treinadores, com uma cabeça mais aberta e estudiosos como Claudinei Oliveira e Marcelo Vilhena comandando o futebol atleticano. Ainda mais porque ambos trabalham em sintonia e objetivam dar uma “cara” ao Atlético. Espero ainda que o técnico do sub 23 trabalhe também a cabeça dos garotos que vivem uma geração de deslumbrados da bola, fazendo-os terem uma postura profissional e mais séria. O futebol brasileiro agradece.

Post-scriptum

Chega de proibições! A absurda e desconexa proibição de venda de cerveja no estádio, quando vemos repetidas e repetidas vezes problemas muito mais fora de campo que dentro dele deve ser abolida. Assim como proibir que se entre de guarda chuvas no estádio! Ainda mais agora que a moderna Arena da Baixada sequer possui um guarda volumes. Só se proíbe o secundário, se penalizam todos e os que deveriam ser proibidos de entrar nos estádios seguem frequentando-o.

Outro detalhe que é chato tocar, mas não se pode ficar calado. A Baixada demorou o dobro do tempo prometido para ficar pronta, foi entregue às pressas para a Copa do Mundo, tivemos ainda quase três meses entre último jogo no estádio e nossa volta com torcida para casa, mas ainda temos banheiros sujos e com resto de obra, não temos lanchonetes de verdade, permanecemos com aquele ridículo banner da Fifa na fachada (parecendo criança que quando ganha uma camisa nova não a tira nem para tomar banho e dormir) e um aspecto de inacabado especialmente no anel superior.

O clube se endividou, o prometido salto de qualidade com a nova casa, patrocinadores fazendo fila para associarem seu nome ao novo estádio, dinheiro entrando na organização de shows, uma loja decente e não um mero container de venda de produtos são coisas que ficaram somente na promessa, sendo que já voltamos para casa há um bom tempo. Existe um certo aspecto de abandono de obra recém pronta que nunca acontecera antes. Acho que o clube deve cuidar mais do patrimônio, já que insistem em não cuidar direito do futebol em seu detrimento.

O torcedor agradece.


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