Ana Flávia Weidman

Ana Flávia Ribeiro Weidman, 41 anos, é servidora pública federal e já veio ao mundo comemorando uma vitória rubro-negra. É perdidamente apaixonada pelo Furacão e fica com os olhos marejados toda vez que vê o time entrando em campo e ouve os primeiros acordes do hino atleticano!

 

 

Paradoxo

17/10/2014


Temos vivido um eterno contrassenso.

Embarcamos num projeto que se autoproclama gigante, mas que se apequena a cada dia que passa. Outrora o discurso era de otimismo, de profissionalismo e, especialmente, de absoluta certeza de como fazer as coisas. Sabemos e iremos fazer!, diziam. As finanças estavam todas equacionadas e iríamos apenas nos dedicar, finalmente, ao futebol. Hoje, porém, tudo ficou mais complicado, o futebol tornou-se um negócio difícil a ponto de parecer que o nosso presidente foi surpreendido pelo business do mundo da bola.

Meses atrás a captação de recursos com a finalização da Baixada era tão certa quanto 2 + 2 = 4. Agora já não é bem assim, afinal, veja o time grande do eixo que também não conseguiu – ainda - fechar um acordo de naming rights para a sua arena.

Futebol é caro. Há anos que somos bombardeados com esse mantra que é, sem dúvida nenhuma, o grande lema do projeto gigante. Então nos associamos e pagamos a mensalidade mesmo não jogando na Baixada. Tivemos nossa mensalidade majorada mesmo antes de retornamos para a Baixada. Se quisermos levar um amigo ou um parente que não seja sócio ao estádio, temos que nos submeter a aviltantes ingressos avulsos que custam R$ 150,00. Nossa camisa oficial custa 1/3 do salário-mínimo. Não vendemos Marcelo porque não nos pagaram o preço que achamos que o rapaz vale. Quando é para ser credor, esse discurso é entoado a plenos pulmões! Todavia, quando somos nós os devedores, aí vem o mar de lamúrias.

É o salário do técnico que nem senta para conversar por menos de tal quantia. É jogador medíocre querendo receber 3 dígitos. E na hora de assinar o cheque nos indignamos pelo fato de o futebol estar escandalosamente inflacionado. Fazemos o quê? Mudamos rapidamente a postura altiva, enfiamos o rabo no meio das pernas e vamos ali para o início da rua, no pobre e falido Paraná Clube, de quem tiramos o melhor zagueiro do nosso elenco e apostamos nossas fichas num técnico bem limitado.

E eu poderia escrever linhas e mais linhas a respeito da gigante contradição na postura daqueles que em 2011 tumultuaram – como se precisasse – o ambiente daquele elenco sofrível que nos levou para a segundona e a forma como, agora, pedem a todo custo apoio para o grupo atual.

Que caiam as máscaras, que caia a moral de gente que torce por um projeto e não por um time, mas que não caia o Clube Atlético Paranaense.

Estamos perdendo um pouco de tudo, mas não podemos perder a única coisa que nos resta: o amor sincero e desinteressado que vem da arquibancada. Não julgo o torcedor que vaia, só acho que nesse momento a torcida é a única que não pode falhar, que não pode esmorecer, que não pode deixar de fazer o seu papel. Eu sempre irei acreditar, até enquanto tivermos esperanças, de que a camisa rubro-negra, como que por milagre, irá encarregar-se de manter o Furacão na série A.

Domingo, contra o Flamengo, é vencer ou vencer. A única certeza que temos é que com o apoio da arquibancada temos mais chance. Se a arquibancada esmorecer, dificilmente esse grupo terá forças para alguma coisa. Façamos a nossa parte e na hora oportuna, cobraremos uma a uma todas essas contradições.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.