Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

Acabou a paz

25/09/2014


Depois de ter abusado de uma overdose de tolerância, paciência, otimismo e muita confiança, finalmente, deixei esse universo paralelo e cai no desespero.

Afinal, nem no meu pior pesadelo conseguiria vislumbrar um returno tão desanimador.

E, credito esse desânimo todo não só aos maus resultados, mas sim a postura do time e da Diretoria diante desse momento de crise. Sim, de crise.

Infelizmente não dá mais pra fingir que está tudo bem, que estamos no rumo certo e que não corremos o risco de rebaixamento, porque se continuarmos a acumular derrotas absurdas, como a de ontem, não conquistaremos nem o direito de permanecer na elite.

Já vivi de tudo com o Atlético, mas não me recordo de, em algum momento, termos nos acovardado tanto. Creio que nem quando o Bob Fernandes acusou o elenco de déficit de testosterona faltava tanta confiança num elenco. Já tivemos até elenco “fedido”, mas passivo desse jeito eu realmente não tinha visto.

Qualquer atleticano que tenha assistido aos nossos últimos jogos está em pânico. E, essa preocupação é plenamente justificada pela carência de futebol, sendo que de toda a nossa coleção de insucessos, apenas o de sábado, diante do Internacional, me pareceu injusto. No mais, todos os outros foram completamente merecidos e indignos da tradição da nossa camisa.

Não dá mais pra simplesmente TORCER para que o time atleticano produza mais. Algo de contundente precisa ser feito de imediato e eu realmente quero crer que quem detém o poder no Atlético – poder esse ratificado por uma maioria de sócios bem-intencionados, como eu! – não esteja simplesmente à espera de um milagre.

Está mais do que na hora de reconhecer que se não contratarmos pontualmente e não seguirmos fortes pra essa guerra seremos superados em breve, inclusive, por aqueles que seguem amargando a parte debaixo da tabela desde o início do campeonato.

Como não se desesperar se tomamos uma goleada num confronto direto pela fuga da série B? De que forma não perder a paciência se enquanto a vaca está indo para o brejo tem jogador que só se preocupa com a cor da chuteira e o próximo post no Instagram? E como cobrar maturidade de um bando de moleques?

O pior é que a culpa nem é deles, é de quem atira aos juvenis o peso de encarar esse Brasileirão sem planejamento e de forma irresponsável.

Não dá mais pra manter a cara de paisagem diante desse cenário absurdo: onde perdemos fora, não ganhamos quando o mando é nosso, desaprendemos o caminho do gol, mas somos craques em trazer uma sacola deles pra casa!

Destaco que não acho o nosso elenco ruim, pelo contrário, já vi plantéis piores, sou fã da piazada e acho que correria tem tudo a ver com o Furacão, mas precisamos mesclar essa juventude toda com jogadores que possam compartilhar a responsabilidade com eles e, dessa forma, resgatar a sua segurança.

Um exemplo disso é o Marcelo que, quando não precisa ser “o cara”, quando não precisa ser ele o responsável pelo time, joga o que sabe e deslancha em campo.

Na real, esses piás estão completamente amedrontados e, com toda razão!

Como faz falta um Luiz Alberto na zaga, até o véio Baier no meio e um Ederson da vida lá na frente. Ederson, mesmo não fazendo muitos gols em 2014, quando estava em campo, trazia pra si a responsabilidade e o jogo da piazada fluía. Outro exemplo básico: quem do elenco atual teria sangue frio e confiança pra bater um pênalti aos 48 minutos do segundo tempo e que valeria nossa vida na Libertadores? Não temos quem assuma uma bronca dessas!

Ou seja, tirando o nosso goleiro cheio de personalidade, não temos nenhum “homem de segurança” no Atlético!

Precisamos devolver a confiança pra piazada, mas isso somente acontecerá quando eles tiverem suporte dentro e fora de campo. E a única chance que temos de reverter esse quadro e o prognóstico sombrio é contratando pontualmente, pra ontem.

Torcida e fator Arena ajudam muito, mas o jogo de sábado também comprovou que nem só padrão Fifa e uma torcida fanática são capazes de ganhar jogo. Ok, a chuva pode até ter comprometido o nosso desempenho, mas experiência e qualidade fazem toda a diferença.

Essas questões me parecem tão óbvias que até me envergonho em mencioná-las, mas parece que o nosso Presidente não quer enxergar ou simplesmente não quer reconhecer falhas no seu planejamento.

Cadê o Petraglia? Cadê o Conselho? Cadê o DIF? Será que a torcida atleticana não merece algumas explicações? Se o próprio Petraglia já reconheceu inúmeras vezes que não entende de futebol, por que cargas d’água não consegue trabalhar com quem entende do riscado? Por que o Lopes vazou? Ainda temos olheiros? A culpa é dos sócios? Por que o Clube foi abandonado depois da prorrogação do mandato? O que o DIF já alcançou de positivo? Qual a forma de atuação do DIF? Até que ponto estamos encrencados com dívidas do estádio? Jamais teremos uma festa de inauguração digna para a nova Baixada? Precisamos ensinar o marketing a tratar o torcedor atleticano? Vamos contratar alguém? Podemos manter as esperanças de não macular a nova Baixada com uma série B?

Infelizmente, o período de paz foi interrompido, só espero que a guerra seja declarada e ganha por nós dentro de campo.


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