Ana Flávia Weidman

Ana Flávia Ribeiro Weidman, 41 anos, é servidora pública federal e já veio ao mundo comemorando uma vitória rubro-negra. É perdidamente apaixonada pelo Furacão e fica com os olhos marejados toda vez que vê o time entrando em campo e ouve os primeiros acordes do hino atleticano!

 

 

Deixem-me

16/04/2014


Arenas padrão-fifa, setor VIP, chuteira colorida, medalhão no pescoço, cerveja sem álcool. Comemorar 'top of mind', certidão negativa de débito e contas em dia. Retratos de um futebol-bunda que nos empurram goela abaixo, atualmente.

Quando eu poderia imaginar que seria hostilizada por desejar o caneco do campeonato estadual? Ou então, que seria repreendida por ficar indignada quando meu time fosse eliminado da Libertadores?

Compreendo a fase braba que estamos passando. E como compreendo! O exílio atingiu, especialmente, atleticanos como eu, que têm na arquibancada da Baixada sua segunda casa. Não fui sorteada para o jogo-teste e tive que me contentar com os relatos dos amigos a respeito da grandiosidade que está o nosso Joaquim Américo. Fiquei tremendamente emocionada e chorei feito criança à medida que chegavam os vídeos e arquivos de áudio dos felizardos que ali estavam.

A punição ao Atlético e a todos os seus torcedores de bem veio como um duro golpe, exigindo de nós toda resiliência futebolística que nem sabíamos que carregávamos dentro da alma. Eu sei bem o quanto está sendo difícil esse período longe de casa. Não pensem que estou levando numa boa.

E é bem por isso que não me interessa quem esteja presidente do Atlético, eu jamais vou aceitar com passividade a postura de não priorizar o futebol. Nego-me a ser adestrada para concordar com toda e qualquer decisão, achar tudo lindo, só bater palmas, incorporar esse espírito de fair play que me torra o saco. Sou atleticana, tenho o sangue forte (e quente)! Não parabenizo adversário, não torço pra nenhum outro time só porque o meu ficou de fora da final e não me interesso seriamente por nenhuma competição que meu time não esteja participando.

Acredito sempre que dá pra ser campeão, mesmo que isso seja surreal e praticamente improvável. Prefiro ser assim porque é isso que é apaixonante no futebol! É isso que me faz amar não só esse esporte, mas o Clube Atlético Paranaense!

Se para os boleiros e para a cartolagem o futebol-verdade já morreu, não se joga mais por amor à camisa, sinto por eles. Pra mim nada mudou. Meu sentimento é o mesmo daquela quarta-feira de 1993 quando vi o Atlético jogar ao vivo pela primeira vez debaixo de uma chuva torrencial de verão. Quando me lembro de quantos grandes momentos vivi na arquibancada e de quantos amigos incríveis o Atlético me deu, vejo que tudo isso valeu e vale muito à pena.

Então, só parem de tentar me colocar um cabresto e dizer como eu devo me comportar. Deixem-me curtir o meu amor!


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