Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Fina flor da ironia

15/04/2014


Tiramos sarro (muito devidamente) dos coxas quando eles numa crise aguda de ejaculação precoce, invadiram as redes sociais com a hashtag #coxalider em alusão a uma liderança no Brasileiro que era, mais do que esperada, efêmera.

E lá foram alguns atleticanos apressadinhos se vangloriando do “melhor brasileiro na Libertadores” quando tínhamos ainda duas partidas pela frente, onde meros dois pontos bastariam, mas conseguimos ser eliminados ao perdermos em casa para o Velez e para um horroroso The Strongest na altitude de La Paz. Irônico.

Assim como a torcida usa de ironia em se tratando do time. Sim, ainda que possam existir alguns que acham ser Felipe um jogador imprescindível, que seja uma espécie de “gênio incompreendido”, é fato que a imensa maioria da torcida gritou seu nome na Vila Capanema muito mais no desespero, muito mais como forma de desabafo para escancarar as fragilidades do elenco do que propriamente por achar algum coisa em tão singelo jogador. Assim como fazia Renaite Gaúcho em 2011, escalando propositadamente Fransergio como centroavante para deixar claro sua insatisfação com a falta de opções. Ironia pura.

Portanto é também irônico que o clube declare abertamente abrir mão do estadual por ele não ter importância e não dar a mínima importância para a Libertadores! Claramente o time deste ano é inferior ao do ano passado e comparar os treinadores então chegaria a ser covardia.

Irônico também é termos na ponta da língua a justificativa (usaria o termo desculpa, mas também sou irônico) de que todas as forças estão voltadas para nosso patrimônio e neste momento não se pode investir em futebol. Estranho é que mesmo tendo investido fortemente em patrimônio e estrutura já por 19 anos, boas campanhas tem sido tão esporádicas quanto são as de times do nosso tamanho, como Goiás e Coritiba, que também foram pra Libertadores ou finais de Copa do Brasil, caíram, subiram, e cumpriram uma história recente não muito diferente da nossa, mesmo sem a mesma organização, administração, dinheiro e sócios que temos.

De que serve toda essa estrutura se tecnicamente nos últimos dez Brasileiros estivemos bem em três, em cinco lutamos para não cair, em um caímos e no outro jogamos a B? O que resolve é time bom, ou pelo menos que seja bem treinado, algo que efetivamente o atual elenco não é.

Entendo os motivos que levam Mário Celso Petraglia a pensar num projeto a longo prazo, as mudanças que o clube sofreu são visíveis, mas nada, absolutamente nada justifica tratar o futebol atleticano da maneira como ele vem sendo tratado este ano. Investimento pesado em medalhões e jogadores de renome não são fórmula de sucesso, vide os elencos milionários de Internacional e Corinthians terem fracassado em 2013 e mesmo o Atlético é parâmetro, pois sem um time badalado fez bonito entre os grandes ano passado.

Mas arriscar tanto, dar o comando de futebol a mais uma aposta sem sentido como esse Miguel Portugal e afastar jogadores por fatores que nada tem a ver com suas qualidades como futebolistas não me parece fazer parte de um projeto, intitulado por eles mesmos de GIGANTE. Na verdade soa mais como a fina flor da ironia.


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