Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 57 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

O jogo da Copa: cartas ou tabuleiro?

08/03/2014


Não resta dúvida de que Petraglia até agora é vencedor dos embates pré-Copa. Demonstrou saber correr riscos na política, mesmo que em determinados momentos para os muitos críticos, parecesse não existir planejamento algum para tal. Houve do ponto de vista desses últimos, um somatório de fatos que ao sabor do acaso, colaborou para que tudo desse certo.

Na minha concepção sempre houve dois planejamentos. Um deles era o “mais público”, divulgado lá com começo da gestão e se quisermos ir mais longe, até mesmo a campanha eleitoral do CAP continha elementos dele. O outro é o do mundo real, dos negócios, dos prazos apertados, do caderno de responsabilidades, onde os aumentos orçamentários, pressões de lá e cá pela liberação de recursos, integravam uma matriz de variáveis criteriosamente debatidas. A maior parte dessas variáveis era controlável. As outras foram apostas de alto risco. Essa é minha tese! Tese sim, já que eu apenas imagino isso. Parti dessa suposição para redigir minha coluna nesse momento.

Petraglia como um enxadrista ou jogador de pôquer, fez com que os outros jogadores na mesa ou tabuleiro fizessem os movimentos ou jogadas “forçadas” que ele desejava, por vezes até sumindo brevemente de cena. Governador, prefeito, FIFA e mesmo o Governo Federal, de forma consciente ou não, mesmo quando pareciam estar com a faca no pescoço do CAP, ajudaram a consolidar a estratégia de MCP. A questão do risco esteve na possibilidade de uma dessas partes se irritar com o CAP e MCP, pagar o preço do desgaste e chutar o pau da barraca. Nos bastidores, os ataques ao projeto e a ele pessoalmente, vieram de todos os lados, alguns inclusive do chamado “fogo amigo”, que tentaram blefar com um par de oitos na mão. Creio que não abalaram a caminhada que foi traçada. Foram pedras menores no caminho e removidas sem maiores problemas. Para um futuro não muito distante, desafetos prometem pelos corredores e palácios acabar em breve com a calmaria, trazendo de volta o cabo das tormentas e o prazo para isso, seria o fim da Copa do Mundo.

Em ano eleitoral, quem iria deseja ficar com o pincel na mão? Curitiba a cidade percebida como exemplo de organização pelo Brasil, iria arrastar essa corrente pelo resto de sua história como cidade excluída da Copa? Não! Gustavo Fruet e Beto Richa desejariam passar à história como os gestores públicos que permitiram que isso acontecesse? Não! O Governo Federal que enfrenta um dos maiores torpedeamentos da história, com a mídia criminalizando a realização de um dos maiores eventos do mundo e do esporte que o brasileiro mais ama? Não! A FIFA, que enfrentaria enormes problemas de logística? Aí, não mesmo!
Do nosso lado a grande preocupação do torcedor atleticano não é com dívidas que possam ficar. Essa discussão é latente hoje, apenas nos círculos críticos a gestão do CAP. Já o sócio de arquibancada quer mesmo saber é do estádio pronto, da classificação na Libertadores, se o Nathan fica ou vai, se o Sub-23 vai jogar a final do paranaense e ser campeão, se o Adriano vai ou não vai ou se o técnico do “profi” vai engrenar. Ninguém aguenta de ansiedade pela hora de entrar no estádio novo, de ver o CAP em campo na sua nova casa. Todo mundo quer futebol!

E nesse cenário da tal calmaria, surgiu a cartada que aniquila a oposição e pode trazer uma tormenta. Trata-se da prorrogação do mandato da atual gestão por mais um ano, expediente que não é novidade na política do Brasil, vide FHC e Sarney, que se aprovada pelo Conselho, vai à consulta na Assembleia Geral onde todos nós, sócios, vamos poder participar. Será uma espécie de eleição sem chapas. Bem, não tenho dúvidas de que a proposta passa no Conselho. E nesse ambiente de euforia que a torcida viverá nos próximos dias, dou a prorrogação do mandato como certa, a não ser que apareçam liminares ou outros impeditivos jurídicos. Caso tudo saia como planejado, esse grupo pode vir a ficar no poder por oito anos, já que a próxima eleição deve eleger a chapa para um mandato de quatro anos. A oposição simplesmente não consegue ou não quer dar respostas a implantação dessa política, pois ainda não conseguiu construir uma liderança capaz de fazer um embate a altura do que Petraglia representa. Mesmo com bons nomes, parece faltar vontade política, massa muscular e até mesmo disposição para embarcar em disputas quase perdidas. Independente dessa análise, dever haver outras justificativas para que a tal prorrogação aconteça. O que mais me desagrada é dar a ARENA como garantia de mais um empréstimo. Foi o CT e agora vai a ARENA. Pode estar correto e ser necessário. Ainda não fiz uma reflexão sobre isso. Mas não gosto da ideia.

Por fim, nesse momento e nessa mão do jogo, seja no tabuleiro de xadrez ou nas cartas do pôquer, a coisa vem dando certo para Petraglia. A maior parte da massa está satisfeita. Mesmo quando a sorte pareceu ter ido embora na pré-Libertadores, voltou sorridente e escreveu uma bela página na história do Clube. E todos sabem que estamos próximos de viver momentos muito legais nos próximos dias. O que importa para a grande maioria da torcida são os resultados práticos, aqueles que são visíveis, táteis e reais, que estão cada dia mais cristalizados. A ARENA é realidade!

p.s. Sempre disse ao Presidente que quando falasse dele em qualquer coluna, seria de forma direta, sem ofensas ou agressões, mas fazendo uma análise de como eu vejo as coisas. Não aceito nenhum tipo de rótulo ou carimbo de quem quer que seja, me tornando amigo desse ou inimigo daquele.


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