Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 57 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

O autofágico velório Curitibano

01/02/2014


Várias cidades disputam o defunto curitibano, que se para nós fede, para os outros parece ter cheiro doce de perfume francês. Temos aqui um velório. O problema é o que o suposto defunto não morreu, está mais vivo do que nunca e sequer chegou a entrar no caixão. A contradição dessa história é que defuntos deveriam se decrépitos e feios. Ninguém deveria se interessar por jogos como o da Espanha a atual campeã mundial, que aliás, nem deveria se hospedar em Curitiba (para que esses campeões da Península Ibérica aqui?)... Seguramente hão de causar problemas à cidade com a atenção que despertam mundo afora. E esses australianos? Será que teremos caçadores de crocodilos e surfistas cabeludos que nunca viram uma bola andando por nossas ruas? Que fiquem na Austrália! O que dizer então dos Iranianos contra os Nigerianos? A África nunca ganhou uma Copa do Mundo, sem contar que devem existir com certeza homens bomba em vez de homens bola no meio desses iranianos. Ah, tem! Se procurar direito acha! E esses russos? A cidade não tem vodka suficiente para eles, sem falar dos adversários Argelinos. Os outros que são Honduras e Equador, países das Américas, que nunca vão uma ganhar uma Copa do Brasil, Argentina ou Uruguai!
O fato é que alguns “respeitados” homens de imprensa, políticos, autoridades e rivais locais, no afã de destruir tudo o que for relacionado à Copa, com objetivo de desgastar o Governo Federal ou o rival, atacam a Copa em Curitiba, dizendo os jogos não são importantes já que os países não tem tradição no futebol. Já li e ouvi críticas que beiram a humilhação. É só pensar em uma situação inversa, com por exemplo, colunistas russos detonando nossa participação em qualquer outro esporte onde eles são hegemônicos. Nenhum de nós iria gostar correto? Ainda mais por sermos um povo apaixonado por esporte, não importando qual seja ele. Refletindo mais uma vez, imaginem se a Copa fosse lá no Couto. Que dor de cotovelo! Aliás, como já teve Copa na Vila, por lá vai ser o único estádio da cidade que não viu a cor de um jogo de Copa.

O fato é que no jogo de interesses econômicos e políticos da Copa vale quase tudo. É uma peleia extremamente profissional que envolve milhões de reias. Digo quase, pois ainda não conhecemos os limites e os níveis de pressão a que foram submetidos os dirigentes do CAP nesses últimos dias, quando os boatos clamavam pela realização dos jogos “que ninguém quer” na Arena do Grêmio. E aqui a Copa é um verdadeiro castigo para a população, mesmo com milhões de reais sendo investidos em infraestrutura. É intolerável para muitos, pois é na Arena do CAP. Isso não tem perdão. Nunca terá.

Claro que a mão que balança o berço é responsável direta por embalar a criança. Mas creio que isso agora, nesse momento agudo, não cabe. A questão é que atleticanos de todas as matizes, que hoje são várias, no assunto Copa devem caminhar juntos, naquilo que for possível. Alguns enxergam que não há nenhuma porta aberta para o dialogo e que só restaram mesmo às batatas. Pode até ser. Mas sempre é possível nas crises abrir portas.

Depois da ARENA inaugurada, com Fundação ou sem ela, o CAP entrará em um novo estágio de sua história. O que nós torcedores temos que conquistar é o nosso papel de protagonistas nesse processo, participando do que for possível e onde for possível, apoiando o que é justo, questionando sem ódio aquilo onde não há convencimento.

Não cabe mais pelo menos à torcida atleticana, aceitar esse clima de velório, nem de vestir uma carapuça de que nós estamos defendendo uma orgia com o dinheiro da população. Não vamos cair na conversa de que devemos acender velas e enterrar o corpo. É só ver quem está contra ou a favor da Copa, seja no seu círculo de amizades ou nos noticiários. Morram de inveja. “Habemus Copa”, com confusão ou sem, serão quatro jogos para sempre. Por um velório mais animado com bolinhos e café!


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