Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

O mundo dá voltas

12/04/2005


Quem diria! Aqueles que nos chamaram de sem terra durante anos, jogando de favor e se sentindo em casa no Pinheirão. O tempo passa, as coisas mudam. Não me imaginei sendo taxado de “playboy”, de mauricinho pela torcida adversária e ver o Presidente do meu próprio time chamar o povão Rubro-negro de “bando de bêbados e marginais que saem do Estádio para assaltar em seus bairros, de onde nunca deveriam ter saído”. Povão, hoje em dia, é torcedor do coxa, quem diria!

Aliás, a torcida alviverde merece ser frisada. De frios, chatos e exigentes passaram e ter importante papel de incentivo ao time. Seria coincidência ou o alto preço dos ingressos, a briga entre organizada e diretoria, as proibições, proibições e mais proibições dentro de nosso próprio estádio estariam criando uma barreira invisível, mas perceptível entre clube e torcedor? Para pensar...

Não imaginei também que fossemos ter mais time que o rival e sucumbir à garra demonstrada dentro de campo. Mais uma vez o rival vem com tudo, mostrando a vontade de nos superar enquanto o Atlético teima em tratar o Atletiba como um jogo qualquer. Enfim, a moeda parece ter mudado de lado e teima em não nos mostrar sua boa face.

Quero não acreditar, mas o medo parece que toma conta do Atlético em momentos decisivos. Sem desprezo nenhum ao rival, mas confio que temos mais time, mas isso precisa ser mostrado dentro de campo, não com a venda de metade do time para clubes europeus, nem com propaganda em pontos de ônibus e nem com cessão do nome do estádio para quem paga por isso. Futebol é muito mais que negócio, é paixão, é amor, é vibração, é coração no bico da chuteira, é raça, é vontade, é afirmação.

Ao menos, foi por esses motivos que me apaixonei pelo Atlético e não pelas mirabolantes vendas de jogadores. Não queria escrever tudo isso, mas ao que parece vendemos a alma ao diabo. Não deixem o Atlético (o meu, o seu, aquele que era nosso) morrer. Mais do que futebol, precisamos de vibração, mais do que técnica, precisamos de raça, mais do que reclamar, temos que gritar nas cadeiras da luxuosa, porém fria Kyocera Arena.

Vamos tentar fazer nossa parte, para daí sim exigir do time. Antes de perguntar o que o Atlético pode fazer por nós, vamos nos perguntar o que nós podemos fazer pelo Atlético.

P.S.: pouco antes do encerramento da edição desta modesta coluna, fui informado da queda do treinador Casemiro. Menos mal, já temos um alento!


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