Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Sonhos...

20/09/2013


O ser humano, por vezes, perde um pouco a vontade de voar... Perde a esperança, perde os horizontes, perde, certas vezes, até a fé...

O ser humano perde, muitas vezes, o sentido... seja por uma razão mais triste, seja por razão da euforia, felicidade extrema ou estado de êxtase... O ser humano perde, às vezes, o chão...

É permitido, ao ser humano, perder muitas coisas. Não somos feitos, nem de ferro, nem de aço, por isso temos o direito de fechar algumas portas, de suspirar um pouco mais fundo e de nos tornarmos pessoas “cansáveis”.

O ser humano pode, muitas vezes, perder o rumo, mas jamais pode perder o direito mais nobre da vida: o direito de sonhar... E como é bom ter sonhos...

Percebam como a nossa vida de atleticano mudou. E como mudou! Nossos sonhos da década de 70 ou 80 eram feitos de poucas coisas. Um título aqui, uma classificação ali, um empate fora de casa, uma vitória sobre o coxa. Ser campeão regional era um sonho possível. Ser campeão brasileiro era um sonho longe, muito longe, quase utópico. Vencer o Flamengo, então, meu Deus do céu... era uma espécie de fantasia! E como era bom sonhar...

Eis que no ano de 1983 eu tive um dos grandes sonhos da minha vida: ganhar do time da Gávea. Uma missão praticamente impossível, mas que estava ao alcance da grande nação atleticana. Um baita desafio! E naquela tarde de maio de 1983, o povão atleticano foi movido pelos sonhos... Sonhou e espalhou uma energia tão positiva, que nada, nem ninguém, impediria uma vitória heroica, brava, sensacional! Que alegria... ganhamos do time do Zico! 2 x 0! Não alcançamos o maior objetivo que era a classificação para a decisão do campeonato brasileiro, mas loucos por sonhar alto, comemoramos um feito histórico... A partir daquele dia, aqui dentro do meu peito atleticano, eu sabia que tínhamos motivos para sonhar cada vez mais, e mais...

E não paramos mais de sonhar... e vejam onde o nosso Atlético chegou!

Na noite da última quinta-feira, por motivos particulares, não pude acompanhar o jogo contra o mesmo Flamengo da minha memória, em pleno Maracanã. Estava mais distante do meu Atlético, mas retornei, por alguns momentos, ao mês de maio de 83. E voltei a sonhar...

Voltei a me misturar com aquele povo enlouquecido, apaixonado, sonhador... Voltei a me arrepiar quando lágrimas e abraços tomaram conta de mais de 60 mil pessoas. Voltei a ter exatamente a mesma sensação de 30 anos atrás. Aquela sensação de ansiedade, de tremor nas mãos, de coração acelerado... Lá se vão mais de 30 anos e o sentimento pelo Atlético permanece exatamente o mesmo. Quem esteve naquele jogo, sabe muito bem do que estou falando. Não era apenas futebol, era magia!

E me transportando a maio de 83, mandei ao nosso Furacão, lá no meio do Maraca, todas as energias possíveis para vencer o Flamengo, outra vez... O mundo mudou, as coisas mudaram, e os sonhos também... Ainda ficamos irados, mais exigentes e queremos vencer, sempre, como se isso fosse sempre possível... Ainda perdemos, por sermos mortais, por sermos normais, mas ainda assim, como grandes atleticanos, continuamos voando, crescendo, sonhando... Está em nosso sangue, e é isso que alimenta a nossa alma!

Ah, como é bom ser atleticano!


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