Alexandre Sugamosto

Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.

 

 

O novo Atlético

02/09/2013


Nem o mais fervoroso otimista, ou fanático torcedor, arriscaria dizer que aquele combalido clube de dez rodadas atrás seria hoje um dos líderes do campeonato. O Atlético de Mancini tem vencido, convencido e, o que é fundamental, jogado com raça e vontade.

Qualquer análise sobre a transição Ricardo-Mancini será incompleta, pois não conhecemos o ambiente de vestiário do Furacão. Podemos, contudo, esboçar algumas ideias:

- Mancini voltou a escalar Paulo Baier. O experiente meia ainda não é unanimidade entre os torcedores, mas exerce um inegável papel de liderança. Ricardo falhou ao escantear Baier e provavelmente perdeu empatia e comando de vestiário com essa decisão (já que sabemos que o vovô é quem dá as cartas dentro do elenco rubro-negro).

- O novo treinador optou pelo mais simples. Escala os jogadores em suas devidas posições, substitui quem não está jogando bem e definiu um sistema sólido de meia cancha. O treineiro antigo, em que pesem suas virtudes como teórico do futebol, não sabia mexer na equipe durante a partida. Sempre a tive a impressão que Drubscky ficava perdido quando as coisas saiam do planejamento da prancheta.

- Mancini definiu um time. Sabemos que todas as equipes vitoriosas, ainda mais em torneios longos como o Campeonato Brasileiro, possuem peças de reposição que devem corresponder ao elenco principal. No entanto, é importante para o torcedor, e mesmo para os jogadores, conhecer a escalação da sua equipe. Hoje nós podemos dizer, sem precisar de ajuda, quem são os onze atleticanos titulares. Essa é uma diferença fundamental do novo Atlético.

A já conhecida filosofia de Neném Prancha dá conta de explicar que o futebol é simples: quem está com a bola ataca e quem está sem a bola defende. Mancini optou por essa filosofia e o resultado é uma arrancada sensacional, como há muito tempo não víamos, que coloca o Atlético com possibilidades de sonhar com vôos maiores no certame.

Para finalizar, gostaria de deixar um recado ao torcedor rubro-negro: vamos tentar lembrar desse momento quando acontecerem oscilações no torneio. Derrotas fazem parte do jogo e não podemos começar a queimar um treinador por conta de uma possível sequencia negativa. Se o Atlético pretende inovar no futebol, como tem tentado fazer esse ano, é preciso também rever a política de trocar treinadores por conta de qualquer tropeço. Grandes clubes da Europa só começam a vencer as competições mais importantes quando permitem que seus ‘managers’ implantem uma filosofia de jogo duradoura. Noves fora esse detalhe, temos mais é que comemorar e curtir a fase!

Pra cima, Atlético!


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