Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

Troco a razão

26/08/2013


Se existe um lema que eu sempre carrego comigo é o de que prefiro ser feliz a ter razão. Aprendi isso a duras penas, mas a partir do momento em que eu percebi que não precisava ter sempre a razão passei a ter mais “qualidade de vida” e, com a minha opinião futebolística funciona da mesma forma. Por isso é que eu não tenho o menor receio em reconhecer que o meu último prognóstico, felizmente, estava muito equivocado!

Tenho orgulho de admitir que errei feio e que não poderia estar mais contente em ter constatado isso!

Quando o assunto é Furacão, a minha vaidade eu reservo para os rivais e entregarei minha mão à palmatória toda vez que qualquer diretoria atleticana me surpreender positivamente.

Em que pese a admiração que tenho pela postura vanguardista do Petraglia, acho que muitas vezes ele opta pelo meio mais traumático de implantar as suas boas ideias, o que por sua vez desperta o receio e até mesmo a nossa incompreensão. Entretanto, mesmo não concordando com tudo o que o Presidente impõe, cheguei a comprar a ideia da pré-temporada diferenciada, mas a sequencia de resultados frustrantes no Brasileirão tiraram de mim a fé nesse emblemático projeto.

Ocorre que esse meu semi-imediatismo não foi injustificado, pelo contrário, se fundamentou exclusivamente no meu desejo de ver o Atlético jogando um bom futebol e nos traumas que a negligência futebolística me causou nos últimos anos.

Aliás, não conheço um atleticano calejado e sem parcialidade política que consiga pensar a médio/longo prazo diante de um time completamente desorganizado, mesmo após um semestre de preparação.

De toda sorte, da mesma forma com que eu reconheço agora que fiz alguns julgamentos precipitados, os responsáveis pelo futebol rubro-negro reconheceram tacitamente que o técnico escolhido para encabeçar a temporada não era compatível com as pretensões atleticanas e se buscou um técnico “top”...

E não é que ele veio mesmo?

Dá-lhe cala boca! Não só porque Mancini nos mostrou que técnico bom nem sempre é aquele que cobra fortunas, mas também porque ele soube aproveitar o trabalho de preparação realizado antes de sua chegada.

Mancini, mesmo sob a desconfiança da maioria da torcida, nos devolveu a atitude, a confiança, o futebol competitivo que só residia nas nossas lembranças e, consequentemente, os bons resultados.

Do mesmo jeito que a gente sofre exageradamente, também é difícil controlar a euforia quando a maré está positiva, no entanto, mesmo faceiros em virtude da boa fase e confiantes no nosso treinador, os anos de sofrimento nos ensinaram muita coisa, principalmente a manter a humildade e a comemorarmos as “conquistas” na hora certa.

Por hora, comemoraremos muito esse reencontro com o nosso genuíno Furacão, dando um passo de cada vez, primeiro garantindo a permanência tranquila na elite e, depois, quem sabe, realizando outros sonhos mais audaciosos.

Festejaremos esse time cheio de personalidade, que joga ciente de suas limitações, que conhece suas qualidades, que protege o gol do parceiro de ataque, que puxa o cabelo do adversário na hora certa, que bate boca com o companheiro de defesa num lance e o defende no seguinte...

Quanto à razão, essa eu deixo para aquele (s) que for (em) fazer sempre o melhor pelo Furacão!


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.