Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Absurdos no Pinheirão

10/04/2005


A sensação de vergonha, irritação e raiva após o final de um Atletiba fora de casa são sentimentos constantes e habituais na vida do torcedor atleticano. Nos 20 anos que acompanho assiduamente o Furacão já vi tanto absurdo no principal clássico paranaense que imaginava que nada mais me irritaria. Mas os verdes continuam com as mesmas atitudes e velhas artimanhas ridículas. No primeiro jogo da decisão mais uma vez o Atlético e sua torcida foram vítimas de absurdos, desmandos e falta de respeito motivados pela inveja rival e despreparo da Polícia Militar e seguranças particulares. Novamente o mais forte não venceu dentro de campo, mas todos aqueles ligados ao Atlético sofreram dentro e fora do horroroso gramado do mal acabado Pinheirão.

O árbitro Heber Roberto Lopes novamente segurou o Atlético dentro de campo. Depois do jogo de cena do calejado Antônio Lopes, o apitador sentiu a pressão verde e teve uma fraquíssima atuação no clássico. Logo no início da partida não viu ou não quis ver a bola bater duas vezes na mão de jogadores coxas dentro da área, uma delas absurdamente visível até mesmo nas distantes arquibancadas do Pinheirão. Quando o jogador do Francisco Beltrão se atirou nos pés de Bruno Lança na primeira fase, o mesmo Heber Roberto Lopes conseguiu ver o que ninguém viu, mas ontem, curiosamente, não viu o que todo mundo viu! Os mesmos personagens de 2004, a mesma diferença de placar e a mesma sensação de vergonha e constatação que o futebol paranaense continua o mesmo só mudam alguns dos protagonistas.

Outra cena vergonhosa neste lamentável Atletiba foi a confusão pré-jogo. Antes do início da partida, a diretoria rival vetou a entrada dos jogadores atleticanos em campo e ordenou que os seguranças retirassem os atleticanos do gramado. Os seguranças verdes não pouparam esforços para tudo acabar em tumulto, com direito a troca de socos entre as partes. Um desgaste desnecessário que tira o foco e a concentração do time. A justificativa do presidente rival foi que o Atlético não permite o aquecimento no gramado da Kyocera Arena antes dos jogos. Ocorre que o sofisticado e moderno estádio atleticano possui uma estrutura interna que supre esta necessidade de aquecimento dentro de campo. No Pinheirão, sem esta condição de conforto, natural que se aqueça no gramado. Mas em um visível ato de revanchismo o Atlético teve o acesso ao gramado proibido e o circo verde foi armado.

Encerrada a partida, a torcida rubro-negra ao tentar sair do estádio encontrou os portões fechados. A Polícia Militar demorou a abrir os portões e começou a agredir quem questionava os motivos daqueles estarem fechados. Começou a confusão que se arrastou até o estacionamento do estádio e culminou em uma atitude lamentável e covarde da Polícia Militar. Estes começaram a atropelar os atleticanos com os seus cavalos e não satisfeitos passaram a atirar balas de borracha em todas as direções. Vários atleticanos se machucaram, levaram tiros ou foram atropelados pela cavalaria. Despreparada, a polícia não se preocupou sequer com as crianças que por ali estavam. Quando tentei voltar ao estádio após o início dos tiros fui barrado por um mal humorado segurança coxa-branca que me impediu o acesso e disse que o problema era nosso se a polícia estava atirando. Dizendo que era advogado e que ele me respeitasse o mesmo correu em direção à polícia querendo que alguém me prendesse. Lamentável, a vida e o bem estar das pessoas é deixado de lado em razão de uma rivalidade que deveria ser sadia. Polícia e seguranças particulares proporcionaram um festival de selvageria descabido, quando tudo que deveriam ter feito era apenas abrir os portões minutos antes do término do clássico.

A diretoria do Atlético com certeza deve e irá tomar uma atitude a respeito da selvageria ocorrida no estacionamento da Federação Paranaense de Futebol. Inclusive pessoas ligadas ao clube passaram dificuldades na saída do Pinheirão. Além da diretoria, solicito que o Presidente do ETA, Doático Santos, amigo particular do Governador Roberto Requião e do Secretário de Estado Luiz Fernando Delazzari encaminhe as reclamações de todos atleticanos que foram desrespeitados e agredidos sem nenhuma razão pela Polícia Militar do Estado do Paraná. Cenas como as de ontem devem acabar no futebol paranaense e se cobram respeito e civilidade entre os torcedores, por quê a própria polícia não dá exemplo e começa a respeitar os torcedores? Perguntas sem respostas. Um dia isso pode mudar, hoje a barbárie ainda prevalece nos estádios de futebol do nosso outrora civilizado Estado do Paraná.

Finalmente, se o coxa transforma o clássico em uma guerra, a gigante torcida atleticana deve se unir ainda mais e em um só grito empurrar nosso querido Furacão ao título paranaense. Este é o momento de deixarmos qualquer diferença de lado e todos juntos ajudar o Atlético a vencer mais esta batalha criada pelo rival. Oportunidade ideal da diretoria e torcida se reconciliarem, liberando a bateria e acabando com as ofensas aos Presidentes do clube. Juntos, o caldeirão vai voltar a ferver e com a qualidade do nosso time e força da nossa torcida iremos golear e fazer uma linda festa em nossa belíssima casa. Contra tudo e contra todos venceremos!


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