Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

A culpa é do Marcão

15/07/2013


Como eu torci para que a audaciosa pré-temporada semestral desse certo.

Como eu tive esperanças de que seis meses de treinamento e “resguardo competitivo” convertesse o elenco atleticano num time entrosado, bem postado, com um sistema tático bem definido, com a identificação e correção dos nossos pontos fracos e que, na hora da verdade, estivesse voando em campo.

Como eu quis que tudo desse certo para que a corja que fala mal do meu Atlético tivesse que engolir palavra por palavra.

Acontece que nem só de boas intenções e torcida se faz um time vencedor e apesar do futebol estar longe de ser uma ciência exata, a fórmula da qualidade precisa estar presente pra que ele aconteça. E não precisa ser nenhum gênio pra entender que nem um ano de treinamento intenso possibilitaria que alguns jogadores do atual elenco atingissem a qualificação adequada para a disputa de uma Série A.

Após muita expectativa e um começo que não parecia tão ruim, a realidade veio ao nosso encontro e nos provou que o Atlético continua tratando mal o seu futebol e, principalmente, o seu torcedor. Mesmo assim, tem gente que prefere colocar na conta do Marcão a derrota no clássico de ontem! Triste sina do atacante que não só perdeu o gol, consagrou o Vanderlei, passou vergonha e, ainda, virou um dos bodes expiatórios da crise atleticana.

É óbvio que eu queria ver aquele gol, mas depois do acontecido, penso que teria sido melhor que o Marcão nem tivesse entrado em campo, pois haveria muito mais coerência se mantivéssemos aquela coleção de volantes em campo e continuássemos com um atacante isolado, talvez assim os “cegos do castelo” conseguissem enxergar que a nossa situação não está sob controle como insistem o tempo todo.

Afinal, que eu saiba o Marcão não se autocontratou, não se autoescalou, não insistiu com o Drubscky (e também não o demitiu), não é olheiro do Atlético, não indicou o Mancini, não aumentou o ingresso e creio não ter sido ele o idealizador desta vasta pré-temporada.

E se aquela bola entrasse? De quem seria a culpa pela campanha pífia? O empate nos salvaria de mais uma humilhação, os netinhos não precisariam de desculpas, mas continuaríamos sem um time entrosado, estaríamos ainda na incômoda posição de vice-lanternas, nosso lateral esquerdo continuaria sendo o rei do drible alheio e a defesa ainda assim seria a mais vazada do campeonato (e isso que nem jogamos com os times dos grandes artilheiros). E isso não é culpa do Marcão!

Mas sabem o que é pior? A gente nem pode reclamar desse caos! Agora, pra ser atleticano de verdade e alinhado com os interesses do Clube, não basta ser sócio, seguir o time, comprar camisa, torcer, sofrer, lutar, tem que concordar com tudo o que a Diretoria faz.

Pois eu me recuso a atirar no meu próprio pé, rotular todo mundo de oposição, me acostumar com derrotas, culpar o olho gordo, a grama do vizinho, a unha encravada do Marcão e fingir que não estamos correndo sérios riscos de enfrentar mais uma série B.

Não sou pessimista, reconheço que ainda dá tempo de virar o jogo, mas para que possamos salvar o planejamento gigante que não deu certo, é preciso remediar agora o nosso futebol.

Chega de rifar a culpa, é preciso ter humildade e fazer como no ano passado, reconhecer o que está errado e fazer diferente.

Além disso, antes que a minha caixa de e-mails seja alvejada pelos rotuladores de plantão, quero deixar bem claro que: não reivindico a saída do Presidente, sou grata por tudo que ele fez de bom ao Furacão, sou contrária a todo e qualquer tipo de golpe, não sou oposição, não tenho interesses políticos e torço desesperadamente pra que tudo dê certo daqui por diante. Quero que o Presidente cumpra integralmente o seu mandato e pelo menos parte das suas promessas de campanha. Confesso que já não acredito numa virada retumbante que nos leve a uma Libertadores da vida, mas imploro que a gente não inaugure a nova Arena jogando uma série B!


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