Alexandre Sugamosto

Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.

 

 

Fracasso

15/07/2013


Havia no antigo jornal Pasquim uma charge que fazia troça com o antigo lema militar: ‘Brasil, ame-o ou deixe-o. O último a sair apaga a luz’. Tal é a situação atual do Atlético: os fracassos e as promessas pirotécnicas, a temporada frustrada, a demora na definição sobre a situação do treinador, os resultados pífios e o mísero investimento no futebol levaram os atleticanos, mais uma vez, ao ponto crítico.

É simples perceber que ninguém, ao menos dos sensatos que conheço, está pedindo um time capaz de vencer Libertadores ou mesmo o certame nacional. Sabemos de nossas limitações financeiras e do momento que viemos. No entanto, temos estrutura e dinheiro para montar uma boa equipe, que faça figura digna com a camisa rubro-negra e que seja uma base para futuras aspirações maiores. Os grandes problemas do Atlético são o abandono do futebol, que também foi a marca da gestão MM, e a excessiva centralização do atual mandatário supremo.

Os erros de MCP, por sua vez, são elementares:

- Quando esteve perto de montar uma equipe profissional de futebol acabou afastando a possibilidade por querer controlar tudo.

- A injustificável manutenção da equipe sub-23 durante o Brasileirão.

- A absurda, ridícula e ultrajante política de contratações por lobby ou por ‘DVD’. Jogadores chegam aos montes no CT do Caju, mas poucos efetivamente jogam e nenhum dos que jogam acaba se destacando (exceção de Everton que foi a única aquisição acertada)

- A blindagem excessiva do clube no que diz respeito à imprensa.

- A ideia, refutada inclusive por empresas especializadas de consultoria, de que aumentar a mensalidade é aumentar a renda.

É vergonhoso ter que explicar isso, mas o futebol moderno é um negócio relativamente simples (noves fora complicações logísticas casuais):

- Bons times fazem com que o valor da marca cresça. Títulos geram exposição, caixa e aumento no número de adeptos.

- Ganhar é, portanto, a alma do negócio. Equipes que não vencem continuam tendo torcedores, mas, salvo raras exceções, são os elencos fortes que tornam o negócio rentável. Vencer é fidelizar o cliente (torcedor).

- Desmoralizar a marca é fazer com que torcedor, usuário, sinta vergonha de usá-la. Ninguém quer ser visto como perdedor ou seguidor de um projeto fracassado e mesmo as paixões mais violentas podem minguar diante do abandono contínuo.

Faz-se necessário, portanto, uma mudança radical dentro do Clube Atlético Paranaense. Ou os atuais diretores simplificam o processo, tocam a obra necessária, param com o discurso lacrimoso de ‘sacrifício’ e se concentram no futebol ou teremos uma mórbida repetição de 2011. Ainda dá tempo.


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