Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Autoboicote

09/07/2013


É cansativo, repetitivo, chato ficar falando sobre os erros no futebol atleticano que nos levam pelo quarto ano seguido, exceção feita ao segundo turno de 2010, a uma temporada de fracassos, decepções e esperança de que mudaremos o rumo e voltaremos a minimamente nos importarmos com o futebol.

A pedra brita não se torna diamante pelo simples decurso do tempo e nem por estar guardada numa caixa bonita, térmica e segura. Assim como um time de Série B, que subiu na dificuldade, em terceiro entre quatro e nos critérios de desempate, não irá se tornar um bom time treinando o quanto quer que seja e contando com toda a tecnologia e cientificismo do CT do Caju.

O frondoso jacarandá não se torna um armário de primeira qualidade se não for forjado por mãos hábeis e experientes. Dar todo o tempo do mundo e disponibilizar contratações para um especulador como o Professor Ricardo foi desperdiçar todo um semestre e mesmo com os resultados muito abaixo do esperado nas cinco primeiras rodadas, insistiu-se no erro, mantendo-o na parada da Copa das Confederações para na rodada seguinte ter feito aquilo que deveria ter sido feito em dezembro último.

Fato é que são águas passadas, o tempo desperdiçado não volta e se o comando técnico era falho, não se pode subtrair a enorme parcela de responsabilidade da direção ao ter feito somente uma contratação que dá pra chamar de reforço que foi a vinda do meia atacante Everton. No mais, segue a política do barato que sai caro, das apostas, dos que vem, treinam, conhecem o CT, colocam no currículo a passagem por clube de primeira divisão e vão embora sem nunca terem vestido a camisa que outrora se vestiu por amor.

O Atlético está com essa pira, essa tara em dar um chute e ver se acerta. Tentaram com Casemiro Mior, apostaram que Sérgio Soares substituiria Carpegiane a contento e segue a vida trazendo um caminhão de atletas desconhecidos pra ver se pelo menos um engrena. Quem sabe se o Atlético parasse de se autoboicotar as coisas não melhorariam? Quem sabe fazendo o básico, mantém os bons jogadores, negocia as tiriças, enxuga o elenco, fortalece com gente mais experiente, enfim, se fizer o que o próprio Atlético fez com sucesso entre 1998 e 2004 o caminho as vitórias não ressurja?

Não precisamos e nem temos como estar sempre entre os primeiros. Nos falta poderio financeiro, nos falta mídia, nos falta menos perseguição da imprensa local e ainda estamos construindo, com parte de nosso próprio dinheiro e nos endividando para pagar o restante depois, um dos mais modernos estádios do Brasil. Mas também não precisamos passar tanto sufoco, estarmos nos últimos oito anos sempre flertando com a zona de rebaixamento, termos perdido aquele encanto entre time/torcida e ficar sofrendo até o final.

Um pouco de investimento certeiro não faria mal nenhum. O Atlético poderia parar de querer reinventar a roda como a absurda ideia da pré temporada gigante e fazer o fácil. Quem sabe dá certo?

* agradecimentos ao vizinho Geraldo pelo uso do termo autoboicote escrito ontem em meu post no facebook e que serviu de viga mestra para este texto.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.