Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

Amor organizado

25/06/2013


Falar de torcida organizada é tão polêmico quanto discutir política, religião e o futebol propriamente dito. Da mesma forma que gerará muita discussão qualquer posicionamento sobre as manifestações populares que tomaram conta do Brasil nos últimos dias.

Agora, imagine colocar tudo isso num caldeirão só...

E foi mais ou menos isso que rolou na Arena da Baixada na última sexta-feira.

Era uma vez... “De um lado, fanáticos atleticanos sedentos por dinheiro público, fascistas, fortemente armados de potencial construtivo, mal intencionados, encapuzados, aliados ao governo, traiçoeiros, os quais, sem dó nem piedade, atocaiaram e surpreenderam os humildes manifestantes, que não passavam de idosos, criancinhas, mulheres, desavisados, caras-pintadas, inocentes e indignados, armados com singelos cartazes, flores e a vontade de mudar o Brasil!”

Eu até posso imaginar que muita gente contou essa história para transferir a culpa para a nossa organizada, mas creio que nem o mais ingênuo indivíduo da face dessa terra acreditou, verdadeiramente, num cenário como esse.

Nada contra os protestos pacíficos e que contam com uma justa causa, mas “desviar parte da manifestação” para a Arena da Baixada ao invés de rumar para o Centro Cívico, onde, efetivamente, seriam ouvidos – se é que havia algo a ser dito -, foi pura má intenção.

Pode até ser que uma minoria de “perdidos” tenha sido manipulada pela turba e, assim, conduzidos por pura empolgação à Baixada, mas é evidente que quem se deslocou pra lá foi atrás de tumulto e sem a intenção de reivindicar nada.

Além disso, as testemunhas oculares do incidente (não aquelas que ouviram falar ou, simplesmente, acham alguma coisa) relatam que o confronto direto somente ocorreu quando os “manifestantes” atiraram pedras no cordão de proteção estabelecido pelos atleticanos. Ou seja, se existisse a boa intenção dos “manifestantes”, qual seria a razão de iniciar o protesto com pedras? Era necessário extravasar a indignação com a Copa do Mundo exatamente na frente de um estádio? Se a depredação do patrimônio não era o foco dos “manifestantes”, por que tentaram promover a aproximação forçada?

A resposta a todas essas indagações é óbvia, assim como é evidente que não houve vandalismo no local das obras da Baixada exclusivamente porque a Fanáticos interveio. Pode até não ter sido de forma “politicamente correta”, como muitos pregaram, mas foi da forma necessária e proporcional para neutralizar o ímpeto dos que se mascararam de “manifestantes”.

Como se vê, ao contrário das experiências que o nosso estado já teve com outras organizadas que prestam um desserviço aos seus Clubes (vandalizando, depredando, destruindo e envergonhando), a Fanáticos ofereceu mais uma prova de amor sem precedentes ao Furacão.

E deixando de lado a razão, o juízo e tudo mais, eu me pergunto: Que atleticano não gostaria de ostentar a honra de ter protegido a nossa casa? Que rubro-negro não gostaria de ter colocado aquele bando de invejosos pra correr? Quem não gostaria de ter escrito umas das páginas mais surreais da história do nosso Clube? Eu gostaria.

Quem ama cuida!


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