Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Lágrimas

22/04/2013


Poderia eleger qualquer um dos gols do Atlético para falar da vitória. Poderia falar da raça a voluntariedade dos jogadores, sabedores das dificuldades, da maior qualidade técnica do rival, do seu indiscutível favoritismo e da proteção que tem da imprensa local. Aliás, o Atlético mostrou a que veio e que a torcida poderia botar fé na garotada quando eram passados nada mais que 40 segundos de jogo, o coxa tocando tranquilamente a bola e o lateral Léo chegou “chegando”, deu um bico pra lateral, levantou a galera e se criou aquele clima, aquele ambiente de vitória que a gente não consegue explicar.

Mas que existe!

Poderia falar de Héracles, jogador por mim mesmo tantas vezes criticado, que fez um primeiro tempo médio, perdendo-se na marcação e levando algumas bolas no costado, mas que se agigantou na etapa complementar, que foi à linha de fundo, cruzou e de onde saiu o primeiro gol da tarde.

Ou quem sabe do passe genial de Zezinho invertendo o jogo e começando a jogada do contra-ataque fulminante que resultou em seu gol, que deu a tranquilidade necessária pra gurizada tocar a bola e envolver o rival já abatido.

Quem sabe lembraria de Santos, goleiro que mostra competência e arrojo, que eventualmente falha como qualquer outro goleiro falha, mas defende com unhas e dentes não só o gol atleticano como sua condição de titularidade no elenco atual.

Mas fico com as lágrimas do jovem atacante Crislan após marcar seu gol, o terceiro e que deu tintas de crueldade ao que a molecada fazia com o “Vovô Coxa”. O oportunismo, a arrancada, o olhar para o goleiro, a colocada no contrapé de Vanderlei. O gol. A êxtase. A corrida. Parou. Deitou. Chorou.

Entendi como uma lágrima de desabafo, alegria e emoção. Todos esses sentimentos juntos, brotando do coração de um jovem que ainda busca seu lugar ao sol no futebol e que parece estar valorizando a oportunidade em um clube com estrutura e potencial como o Atlético.

As lágrimas de Crislan após sepultar qualquer reação do rival foram o símbolo da alegria incontida de todos os atleticanos que estavam ontem na Vila Olímpica e fazem parte da história ao participarem de uma partida que vai ficar na lembrança de todos os envolvidos.

Parabéns à direção, que bateu o pé, não ouviu os chatos que, como eu, queriam o time principal agora, que “desdenhou” o estadual que pode sim ficar conosco e mostrou mais uma vez que com seriedade e apego à camisa, nosso time junto com seu torcedor é forte em qualquer estádio, em qualquer tempo, em qualquer situação.

E, de novo, sem Heber no apito, com uma arbitragem que, se não foi brilhante, foi isenta, os times do estadual se igualam muito, mostrando que o extremo favoritismo e grande diferencial técnico do rival o são somente quando beneficiados pelo apito amigo. Sem ele, são normais como todos os demais.


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