Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Forma e conteúdo

02/04/2013


Há maneiras e maneiras de se fazer as coisas. Uma boa conversa, um puxão de orelhas ou um tapa bem dado ajudam a educar, a ensinar, a mostrar o caminho certo evitando-se o errado. Cada método deve ser empregado com inteligência, discernimento e parcimônia. Nem muito de um, nem nada de outro. Equilíbrio.

O Atlético inicia pra valer a temporada 2013 no início do quarto mês do ano. Levando-se em conta que desde fins de novembro este time não joga uma partida valendo pontos, é muito tempo só treinando. Não á toa, desde o amistoso diante dos reservas do Figueirense que atletas reclamam nas entrelinhas da falta de ritmo de jogo. E num torneio com a Copa do Brasil isso pode ser fatal.

Não há indicação ou estudo técnico, fisiológico ou físico que justifique tanto tempo sem jogar. Não existe parâmetro no mundo que confirme ter sido a atitude mais correta. Confesso que me animava com este ano, mantida a maioria do bom time que terminou 2012, creio que ficar com este treinador é incorrer no mesmo erro de ter ficado com Cego Soares em 2011 e voltei a ficar confiante em ver que vieram reforços, e não apostas como Ciro e Everton para fortificar nosso elenco.


Ao saber da pré-temporada mais puxada e que o time não jogaria pelo menos o 1º turno do estadual, vi com restrições, mas vislumbrei um futuro melhor logo adiante. Entretanto, ao continuar a ver velhas figuras que nunca deram certo insistentemente sendo colocadas para jogar no sub-23, passei a não entender mais o “projeto” do futebol atleticano. Se é que ele existe!

A aposta foi feita, a meu ver extremamente arriscada, abrindo mão da disputa do único título o qual temos franco acesso, colocando os jogadores no fio da navalha e no limite da paciência do torcedor que vê há sete anos o clube preocupando-se em excesso com tudo que é acessório, e se esquecendo do principal que é o futebol. Espero que mostrem a partir de amanhã que o tal “planejamento” está correto.

OUTRAS

Continuando no tema forma e conteúdo, vejo que o clube errou a mão em outros temas. Descartar o Paranaense para irritar e trazer prejuízos à Federação Paranaense pareceu uma boa lição, mas o campeonato segue, quem vencer vai comemorar muito e quem perde vai ficar se justificando e já contando com a desconfiança de sua torcida.

Ter se negado e fechar com a tv pelos valores oferecidos foi outra boa lição, mas esse time sub-23 vale mais que R$ 1 milhão? É um contrassenso querer valorizar sua marca e desvalorizar o campeonato que se joga.

Ter o site oficial como principal meio de veiculação de notícias é uma ótima ideia. O Atlético na verdade demorou para perceber a força da internet, a importante e incrível ferramenta que ela representa, mas tornar o acesso a informação 100% restrito, criar uma espécie de Pravda do clube é contraproducente, meio infantil e cria uma atmosfera de grande desconfiança na torcida que não é boba.

Outra ideia genial, porém muito mal executada é a Rádio CAP. Revolucionária, mostrando que as rádios, assim como a tv lucram muito com as transmissões esportivas, mas ao contrário desta, nada pagam para os protagonistas do espetáculo, veio como um meio de comunicação eficiente e dinâmico unindo torcida e clube.

Porém as opiniões viciadas, a falsa impressão de que tudo sempre está certo, a proibição da crítica, a narrativa pouco condizente com a verdade e um eterno clima de euforia, mesmo com o time perdendo para reservas de outros clubes, dão enorme descrédito à iniciativa. Ressalto, excelente iniciativa, mas muito mal executada.

Basta ver que o principal comentarista da Rádio CAP é um dos jogadores mais identificados, um verdadeiro símbolo da época mais vitoriosa (dentro e especialmente fora das quatro linhas) do ...... coxa!!!

Lembrem que Sicupira sequer pode ir nas cabines de rádio do Couto Pereira comentar jogos pela rádio a qual trabalha. O Atlético precisa parar de lutar contra o mundo, de dar murro em ponta de faca, de reinventar a roda e se preocupar em fazer aquilo para o qual existe: jogar futebol.


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