Alexandre Sugamosto

Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.

 

 

O melhor time que ainda não vimos

22/02/2013


O ano de 2013 começou, como não poderia ser diferente, repleto de emoções para os torcedores atleticanos. Embora a comissão técnica tenha sido mantida, e com ela alguma perspectiva de continuidade, as relações entre a torcida e a presidência seguem estremecidas por conta de decisões abruptas e um pouco contraditórias. Nessa coluna pretendo comentar alguns desses pontos cegos:

1. Preparação na Europa

Perguntei ao jornalista Leonardo Bertozzi, dos canais ESPN, o que ele pensava sobre a preparação do Atlético na Europa: 'corretíssima', disse ele. Assim penso também. Contudo, a decisão de jogar com o time sub-23 mostra-se infrutífera na medida em que escolhemos um técnico decidamente fraco para comandar a equipe e quando optamos por insistir em jogadores como Héracles e Renan Foguinho que já demonstraram completa e absoluta falta de talento para jogar futebol. Seria muito mais inteligente montar uma equipe de jovens talentos e pinçar os eventuais destaques para o time principal. Acho que a equipe principal, por sua vez, deveria tentar desafios mais dificeis do que os enfrentados na Marbella Cup (embora o título tenha algum valor simbólico)

2. Relação com a imprensa

Meu amigo e blogueiro Henrique Stockler definiu bem a figura de Mário Celso: 'visão de Águia, execução de anta'. Eu sempre fui crítico voraz da imprensa esportiva paranense e já dediquei duas ou três colunas para reclamar da falta de 'isonomia', para usar o consagrado termo dos ervilhas, no trato com as equipes locais. MCP, por sua vez, decidiu que todos deveriam sentir sua ira e cortou relações com a imprensa e rádio, deixando o papel de comunicação para o site e a rádio oficial do clube. Manobra amadora, juvenil e tresloucada. Em qualquer sistema democrático, e clubes funcionam assim, o presidente é só um representante dos que o elegeram. Era interesse da torcida atleticana ficar sem os jogos do time na TV? Se o valor pela RPC era pífio, por que não coletamos o dinheiro desse ano e investimentos em um streaming em alta definição para o ano que vem? Se as rádios devem pagar aos clubes pela transmissão, o que é correto, por que não fizemos uma reunião com esses veículos para tentar pensar um novo modelo de gestão de informação? Ou todas as pessoas que integram o conselho deliberativo são completamente tapadas e omissas ou então são figuras de rebanho no que diz respeito aos truculentos ataques de cólera do presidente. Não é possível imaginar que pessoas inteligentes, sejam advogados ou homens de marketing, entendam que esse trato ridículo é o melhor para a marca Atlético Paranense.

3. A divisão

Os acontecimentos relatados acima só poderiam ter uma consequência: a divisão da torcida. De um lado ficam os que acham que MCP está completamente equivocado e de outro os que o idolatram como um espécie de Henry Ford futebolístico, um visionário sem precedentes que irá silenciar os críticios em pouco tempo. Ora, é isso que queremos para nosso clube? Já não basta que sejamos considerados pequenos e sem interesse em todos lugares do Brasil? Já não é suficiente a falta de espaço e a desunião em nossa própria aldeia jornalística? Por maior que seja o projeto de MCP para o Atlético, e acredito que seja algo efetivamente grandioso, o presidente tem o dever de manter a torcida, o time e os dirigentes unidos em torno de um mesmo ideal: títulos. Não somos uma banda de rock, um agrupamento político ou uma empresa de eventos. Somos um time de futebol e a única maneira de uma equipe tornar-se conhecida e ganhar peso na camisa é conquistando troféus. 'Esperem, vamos ter que fazer um sacríficio'.. eu digo: com o dinheiro que temos hoje e com as condições que já possuímos, não falo de um futuro distante, poderíamos ter um time competitivo.

Ainda não vimos o melhor Atlético, campeão da Marbella, em ação, mas o ano começou repleto de acontecimentos que só confirmam o ditado: 'tem que ter nervos de aço pra torcer pro Furacão'.

Saudações rubro-negras!


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