Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 56 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

O caminho das pedras

26/01/2013


Amanhã se o Atlético-PR perder para a equipe do Paraná Clube, nada vai mudar no planejamento traçado pela atual diretoria. Apenas o amor próprio do torcedor vai ser um pouco abalado, pois perder um clássico é sempre muito ruim, não importando as circunstâncias nas quais ele esteja sendo disputado. A realidade é que o estadual não interessa de verdade à diretoria, por vários fatores que são claros para todos nós, começando pelo baixo interesse que desperta nos torcedores, passando pelas cotas de patrocínio irrisórias, culminando no fato de estarmos com nossa casa em obras. Por tudo isso, hoje, depois de somar a minha curta experiência como dirigente de futebol profissional, onde estive frente a frente com os custos de manter uma equipe em atividade, com minha carreira profissional que me ajudou a ponderar minhas opiniões, creio que o Atlético-PR está correto em ir à Espanha com seu time principal. Existem vários motivos que servem para justificar essa decisão como, por exemplo, a internacionalização da marca ou mesmo a abertura de mercado para comercialização futura de jogadores do elenco atleticano. O fato é que o paranaense só vai servir mesmo para nós sofrermos um bocado, ou exercitamos uma abstração zen, que nos leve a um plano astral de paz e tranquilidade, completamente afastado de irritações terrenas.

Quando o Atlético-PR diz “não” a RPC, não o faz somente a uma rede local de televisão. Diz não a poderosa Rede Globo, que está no topo dessa grande cadeia alimentar. Mas como podemos entender melhor essa questão? Fazendo uma conta simples que nos revela ser o nosso campeonato um dos que menos vale pelo Brasil. As cotas pagas aos clubes são baixas e por conta disso, temos um campeonato de nível técnico questionável. No meio disso some a política que o clube adota em relação aos meios de comunicação, no que diz respeito a cobertura do dia a dia, que ajuda tirar da toca a legião de inimigos sempre à espreita para atacar o presidente do Atlético-PR, não apenas pelas brigas do presente mas também pelas confusões do passado. O caso é que muitas e muitas vezes os “analistas” passam da medida e ao mirar no alvo predileto, acabam acertando a instituição e, como ato contínuo, os seus milhares de torcedores.

Pelo que vejo estamos ainda no berço dos conflitos com a imprensa, em especial com o rádio, onde estão os maiores formadores de opinião e os mais importantes comentaristas. Para manter as equipes na ativa, o custo não é pequeno. Envolve desde a manutenção de equipamentos, viagens, equipes para manter em dia a cobertura dos três times da capital, encargos trabalhistas e mais uma série de custos indiretos. As rádios vendem publicidade que envolvem a transmissão dos jogos e o raciocínio dos clubes é muito simples. Eles montam o espetáculo e ficam com os custos. As rádios vendem anúncios e captam patrocinadores, ficando com recursos ou supostos lucros que poderiam ser aplicados em canais oficiais da equipe, em vez de irem para os veículos de comunicação. Os clubes fazem a festa mas não participam do banquete. Se a televisão já paga pelos direitos de transmissão dos jogos, quando será a vez do rádio? Esse é o caminho que está sendo seguido e ele, acreditem, não é um caminho pacífico. A forma escolhida para fazer essa confrontação não é nova e não é todo mundo que aprova.

Acredito que se vamos mesmo quebrar paradigmas, bancando esse conflito, temos que oferecer alternativas para o nosso torcedor, ampliando as fontes de informação próximas ao Atlético-PR, valorizando blogs e sites, criando uma rede para fazer a informação circular de maneira rápida, inteligente e qualificada, não apenas no site oficial pois isso é a contramão de tudo o que está acontecendo no mundo hoje, que se rebela naturalmente contra esse tipo de postura, ainda que a mesma esteja embasada no firme propósito de cumprir um planejamento que coloca o clube na posição mais importante do Estado.

E falando nisso, o atual prefeito Gustavo Fruet, esteve hoje no Estádio Couto Pereira, onde falou em entrevista dada a ÓTV, na liberação de recursos e investimentos para que o Coritiba termine o seu estádio. Tudo isso se aproxima do ponto culminante da estratégia adotada pelo Coritiba, de atacar a liberação de recursos para o Atlético-PR. O objetivo não era outro senão o de também se “qualificar” para receber os tais recursos. Funcionou. Já alertava a massa atleticana sobre isso na minha coluna “Contra tudo e todos, habemus Copa”. Gustavo Fruet dessa forma cala as reclamações verdes e, seguramente, encontrará instrumentos para também ajudar o Paraná Clube. Quem viver verá.

Mais um importante dirigente atleticano deixou o Clube essa semana, pelo que parece sem maiores confitos ou grandes frustrações. Creio que quando você é acostumado a ser o “número um” no comando de suas empresas, é bem difícil ficar à sombra de uma liderança com mão pesada. Mas parece que também houve pressão familiar, pois ser dirigente do Atético-PR não é fácil. Exige tempo e dedicação, além de um ouvido bem grande para aguentar os milhares de cornetas que “entendem” tudo do Clube. O que esperamos é que o grupo que permanece dê mostras de unidade política e confiança no projeto. Cada um que sai deixa a gente com a pulga atrás da orelha.


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