Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Inveja

13/12/2012


Há anos a editora Objetiva lançou uma coleção chamada “Plenos Pecados” e selecionou sete autores para cada um escrever um livro a respeito de cada pecado capital. Li todos, da Ira até a Preguiça, passando pela Luxuria e Gula. Avareza foi um belo texto de Ariel Dorfman, Soberba uma boa obra e coube a Zuenir Ventura escrever sobre a Inveja – o Mal Secreto.

Mal Secreto porque, como diz o começo do livro, a inveja é o único dos sete pecados capitais que acomete a todos, uma hora ou outra, em maior ou menos escala, mas é também o único dos pecados que temos e nunca admitimos.

Descreve ainda no começo do livro as diferenças entre inveja, ciúme e cobiça. Esta é querer aquilo que o outro tem. Ciúme e não querer e proteger de todas as formas aquilo que é seu, evitando que seja de outro. E inveja é o mal maior, é simplesmente não querer que o outro tenha aquilo que não se tem.

Não é querer ter o carro que o vizinho tem (isso é cobiça): é odiar o fato dele ter. Não é se apavorar em ver a própria mulher linda pronta para uma festa, com medo dos olhares que outros lhe lançarão (isso é ciúme). É simplesmente detestar o fato de ser incompetente o suficiente para não ter aquilo que o outro tem e este fato o deixar fora de si.

Fora de si como age a direção do Coritiba Foot Ball Club na destemperada cartinha enviada hoje. O Coritiba não quer fazer um estádio novo, na verdade quer, mas não tem competência e dinheiro para isso. O Coritiba não quer nem nunca quis sediar a Copa do Mundo em nossa cidade. Lhes faltou culhão para tocar pelo menos um dos mais de 12654946511 projetos de “novo Couto”, de “Arena Paratiba” ou de “Pinheirão versão 3.0 plus giga ultra Jiraya power da Silva”. Eles simplesmente não querem que o rival o faça.

E está fazendo e vai fazer. E vai fazer com uso de benefícios e incentivos da administração pública, como todas as outras 11 sedes estão tendo. O Palmeiras aproveitou-se dos mesmos benefícios concedidos ao rival e vai construindo um novo Parque Antartica. O Grêmio vislumbrou a possibilidade de aproveitar-se do momento único da ida da Copa para Porto Alegre, juntou-se a um poderoso investidor e ao invés de sentar no barranco e choramingar, ficar gastando cartolina e Autocad para brincar de projeto novo, foi lá, se desfez de toda a história e tradição do Olímpico e já inaugurou a (hoje) mais bela e moderna praça esportiva do Brasil.

Lá fizeram, aqui se chora. O Coritiba, mais tradicional clube do Estado, um clube cujo estádio é um dos maiores particulares do Brasil, local central e que confesso, invejei durante metade da minha vida, o clube que mais venceu estaduais, o clube que primeiro foi campeão brasileiro, enfim, um clube que pelo menos dentro de nossa aldeia é sim grande, se apequenou. Acusou o golpe, praticamente assumindo que de 2014 em diante, ficarão mais e mais para trás.

E para esconder a própria incompetência, a própria pobreza de espírito, culpam o Atlético, o time do mal, a figura satanizada de Mário Celso Petraglia, a torcida do djanho que tem uma caveira como símbolo, enfim, ao invés de olharem para seu próprio umbigo, assumir suas falhas e buscar soluções preferem apontar para os outros numa tentativa desesperada de mudar o foco.

A grande torcida coxa, da qual fazem parte alguns dos meus melhores amigos, merecia coisa melhor. Se bem que idolatram tanto seu atual comandante que no fundo se merecem.

Abracem-se, chorem, mandem cartinhas e vivam do passado, porque o futuro é negro. É rubro e é negro!

e-mails mal educados sequer serão lidos. Poupe-me e poupe-se. Obrigado.


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