Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

A reinvenção do Furacão

22/11/2012


Se 2012 aparentava ser um ano para ser esquecido, acabou se tornando um ano pra ser eternamente lembrado, daqueles que jamais deverão sair da cartilha e do coração do torcedor.

Muita gente pode até não concordar e considerar que ano de série B só traz prejuízos, mas eu creio que um ano de aprendizado jamais poderá ser considerado um período perdido. Erramos, batemos cabeça, marcamos passo, quase encostamos no fundo do poço, mas não nos entregamos e, felizmente, nos superamos. Aprendemos que a série B não se joga apenas com camisa, que nem todo planejamento dá certo, que muitas vezes é preciso dar o braço a torcer e reconhecer os nossos erros.

E foi isso que eu vi desse 2012, um ano em que todo o Atlético (torcedores, time e diretoria) teve que se superar, deixar de lado a vaidade, o comodismo e ir à luta!

Apesar do acesso ainda não ter se confirmado matematicamente, como não valorizar as nossas “vitórias”? Afinal, que outro time passou por um processo tão agressivo de transformação? Que outro Clube teve um aproveitamento tão interessante mesmo após ter passado por todo o tipo de provações?

Quase nos fizeram acreditar que não era possível. Quase...

Para chegarmos nessa situação quase conveniente (mas não tranquila) de depender de um simples empate na próxima partida para garantir o retorno à elite foi necessário zerar o ano mais de uma vez, cortar a própria carne, driblar o momento “sem terra”, correr atrás do prejuízo, peregrinar por vários estádios, nos defender de fogo-amigo e de muito fogo-inimigo, enfrentar lobo com sobrenome de Cordeiro, neutralizar a inveja e, também, calar a boca dos “especialistas” de plantão.

O certo é que o Furacão precisou se reinventar em todos os sentidos para entrar nos eixos e reencontrar a sua verdadeira essência.

Carrasco, Drubscky, Jorginho, Alberto/Drubscky e Drubscky! Germano Krueger, Vila Capanema, Carangueijão e o abençoado Ecoestádio. A torcida teve a sua fé testada, atingiu o auge da cornetagem, se desesperou, esbravejou, sacudiu “Tataio”, sentou no concreto, tomou chuva, insolação, gazeou, se jogou na estrada, encarou congestionamento de “habilitação”, entendeu a sua importância, comprou a briga, se deixou mover pelos sentimentos e se reencontrou com o atleticanismo mais genuíno.

Teve de tudo, mas na minha mente ficarão somente as lembranças de superação, e daqueles atleticanos que foram além de suas forças para ajudar o Furacão nessa empreitada.

Até o nosso Presidente mostrou uma nova postura, andou reconhecendo erros, alterou o planejamento, investiu, foi para o campo, para a arquibancada e para briga.

Quanto ao esquadrão rubro-negro, reinvenção foi com ele mesmo! E de tanto inventar, foi “descoberto” que precisávamos de qualidade e, somente então foi redescoberto o nosso estilo.

Voltamos a jogar sem medo e com aquela raça que temos tanto orgulho de entoar no nosso hino. Em muitos momentos vimos um Furacão Retrô, talvez sem a beleza que muitos gostariam de ver, mas jogando à moda antiga, com efetividade, bola no chão, vontade e muito espírito de equipe.

Como se vê, mesmo que involuntariamente, mesmo que da forma mais difícil, a reinvenção do Furacão aconteceu. E somente com isso foi possível resgatar tantas coisas. Recuperamos a vibração, reencontramos nosso orgulho e autoestima, identificamos o nosso Furacão em campo e em breve voltaremos ao lugar de onde jamais deveríamos ter saído.

VAMOS SUBIR! E não falo isso por falta de humildade, desmerecendo a equipe que enfrentaremos ou por uma convicção arrogante, repito isso como um mantra e com a voz do meu coração atleticano que está pulsando mais do que nunca.

Além disso, não consigo imaginar que uma mala branca e a vontade de prejudicar sejam maiores do que a satisfação de subir para a série A, da responsabilidade de escrever positivamente o seu nome na história vencedora de um Clube como o Atlético e da honra de carregar a confiança de uma torcida tão especial como a nossa. Analisando dessa forma, sobretudo dos motivos que essa equipe tem para vencer, somos favoritos sim!

Sinto que essa é a última coluna que escrevo falando de Série B, depois de um ano temendo e outro enfrentando faço questão de largar mão disso. Agora, me reinventei, virei elitista, só quero comentar Série A.

E que jamais esqueçamos a aula 2012 como modelo de uma nova velha maneira de CUIDAR do futebol atleticano!


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