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Silvio Rauth Filho
Silvio Rauth Filho, 50 anos, descobriu sua paixão pelo Atlético em um dia de 1983, quando assistiu, com mais 65 mil pessoas ao seu lado, ao massacre de um certo time que tinha um tal de Zico. Deste então, seu amor vem crescendo. Exerce a profissão de jornalista desde 1995 e, desde 1996, trabalha no Jornal do Estado. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2009.
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Dez doces Páscoas
25/03/2005
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Em agosto de 1996, dei meus primeiros passos no jornalismo esportivo. Fui contratado pelo Jornal do Estado para trabalhar como setorista, ou seja, acompanhar o dia-a-dia de um clube da capital. O editor era Roberto José da Silva, o Zé Beto, um atleticano fanático que ficou famoso por excelentes reportagens nos seus tempos na Placar. Logo que me apresentei na redação, ele me perguntou: "Pra qual time você torce?". Sabia que a resposta seria decisiva e, sem hesitar, confessei minha paixão rubro-negra.
Não fiquei surpreso quando ele deu seu veredicto. "Então você vai cobrir o Coxa", decretou. A decisão fazia sentido. Afinal, eu era um "foca", um novato no jornalismo, e merecia um teste de imparcialidade.
No começo, foi estranho. Não passava pela minha cabeça entrar quase todo dia no Couto Pereira para entrevistar figuras como Pachequinho, Krüger e Alex. Era a história viva do rival fazendo parte do meu cotidiano.
Mas foi um sujeito chamado Brandão que chamou minha atenção. Era um gaúcho humilde esse tal de Idebrando Dalosto, filho de gente simples que veio da Europa para colonizar a Serra Gaúcha. Atacante aguerrido, ganhou notoriedade na comunidade alviverde ao comandar uma goleada sobre o Atlético.
Quem não lembra daquele 5 a 1 no Couto Pereira, na Páscoa de 1995? Quem conseguiu tirar da memória aquela cena daquele Brandão imitando um coelhinho da Páscoa depois de marcar um dos gols? E qual atleticano seria capaz de esquecer a atitude de Mário Celso Petraglia e um grupo de diretores logo após esse vexame?
Foi um momento histórico. É difÃcil encontrar alguém que discorde que foi ali, naquela tragédia de Atletiba, que o Furacão começou a renascer.
O projeto iniciado pelo novo grupo de diretores reformulou o Atlético. A mudança deu resultado e, depois de dez Páscoas, o chocolate já não é mais amargo. Os rubro-negros agora podem celebrar a volta à primeira divisão do Brasileiro, a construção do novo templo, o exuberante CT do Caju, a presença de diversos craques atleticanos nas seleções do Brasil, três participações em Libertadores e um tÃtulo de campeão brasileiro.
O pior é que, mesmo tendo entrevistado o Brandão dezenas de vezes, nunca agradeci por aquele dolorido chocolate. Afinal, depois daquele Atletiba de 1995, as Páscoas rubro-negras foram bem diferentes.
Feliz Páscoa a todos e feliz aniversário ao nosso incrÃvel Atlético!
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