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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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Procurei, procurei e não encontrei. Não encontrei uma palavra melhor para definir o jogo entre Guaratinguetá e Atlético. Poderia utilizar as palavras: fraco, ruim (em todos os sentidos), pífio, horrível, ridículo ou até mesmo “fedido”. Todas essas palavras definiriam o jogo como ele realmente foi, mas nenhuma traduziria com perfeição o meu sentimento no exato intervalo entre 21h50 e 23h35 da noite da última terça-feira, 31 de julho de 2012. Foi mesmo um jogo deprimente!
Há muito tempo, muito tempo mesmo, não assistia um Atlético tão bagunçado, tão desorganizado e tão atabalhoado. Um jogo daqueles em que maltrataram a bola. Uma judiação. Sem um esquema de jogo definido, sem uma jogada ensaiada e com quase nenhuma qualidade individual, aos poucos a impressão que dá é que Jorginho, técnico em que eu tanto confiei, vai se perdendo no comando. Culpa do Jorginho? Não, culpa exclusivamente da administração de futebol do nosso clube, a qual agora, na reta final do primeiro turno do campeonato brasileiro, está disparando a contratar jogadores. Quem chegar, escolhe a camisa e joga. Este é o retrato do momento do Atlético.
Não estou aqui para queimar o Jorginho, para detonar os 3 pontos conquistados no interior de São Paulo e nem afirmar que não precisamos de reforços, embora que tardiamente. Estou aqui para manifestar a minha decepção, a minha frustração e a minha falta de esperanças de que o Atlético termine o ano entre os quatro melhores da série B. Para voltarmos para a elite do futebol brasileiro, é preciso muito mais que contratações, muito mais que um gramado bonito, muito mais que um bom técnico de futebol.
O Atlético precisa, acima de tudo, de um espírito vencedor!
De nada adianta trocar Carrasco por Jorginho, Rodolfo por Weverton, Gabriel Marques por Maranhão, Heracles por Saci, Paulo Baier por Felipe, Tiago Adan por Marcão ou qualquer um por qualquer outro, se não tivermos o espírito vencedor, a alma dentro de campo, um tesão para buscar um ideal. Sinceramente, não consigo enxergar isso no Atlético. Um time que aceita a derrota ao natural, que vive dos mesmos discursos dos dirigentes e que não demonstra, em momento algum, uma vontade extraordinária de ganhar. E na segundona, se o cara não tiver disposição, determinação e deitar o peito na grama, torna-se praticamente impossível alcançar um objetivo.
O Atlético venceu a péssima equipe do Guaratinguetá e trouxe os 3 pontos do interior de São Paulo, mas me digam: o Atlético da noite da última terça-feira é o Atlético que pretende retornar para a primeira divisão? O Atlético da noite da última terça-feira é o Atlético que nos transmite alguma confiança?
Me desculpem os mais otimistas, mas o Atlético que está aí é apenas o Atlético que nos dá a certeza que ficaremos mais um ano penando na segundona. Nada mais que isso.
Eu poderia viver de sonhos, de esperanças, de bater no peito e dizer: apesar de tudo, eu acredito! Mas passei, de alguns anos pra cá, a ser um torcedor realista, que cansou de apanhar, que cansou de ser enganado e que cansou de viver de ilusão. Infelizmente se instaurou no Atlético uma cultura de perdedor, e isso explica porque jovens vivem no departamento médico, porque existem panelinhas, porque apareceram questionamentos sobre Paulo Baier, porque diretores de futebol entram e saem como se fosse uma orgia, porque técnicos passam, vão, voltam e nada muda.
Infelizmente também venho aqui vomitar tudo isso justamente após uma vitória. E infelizmente a cultura de futebol do Atlético está falida. Para se mudar a história, é preciso mudar a cultura. O Atlético precisa voltar a ser um clube de futebol. Enquanto isso não acontecer, teremos mais e mais episódios deprimentes.
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