Alexandre Sugamosto

Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.

 

 

Nem tanto ao mar...

08/06/2012


Torcedores não precisam de justificativas para eleger preferências. Qualquer atleticano pode acordar com humor azedo e decidir que nenhum dos jogadores tem talento suficiente para o clube. Técnicos, colunistas e jornalistas, por outro lado, devem buscar critérios para opinar ou tomar decisões.

Outro dia mesmo eu falava sobre Bruno Mineiro e fiz questão de deixar muito claro que não o acho um camisa 9 adequado, mas que ele é um pouco mais eficiente que os demais; continuo pensando, apesar das dúzias de gols perdidos e caneladas, que os outros avantes são tão ruins quanto ou piores. Os mais apressados dirão que Fernandão é melhor, que é brigador, que perde menos oportunidades. Julgamento apressado. Ele fez dois gols, mas acabou de chegar e ainda não provou nada. Fossem os gols o único parâmetro e teríamos que dizer que Guerron e Bruno Mineiro são os melhores do time ou mesmo que Nieto, que fez gols ano passado, mereceria mais uma chance no time titular. Quando digo, no entanto, que Bruno Mineiro é uma boa opção, creio que estou deixando muito claro que o elenco ainda precisa de reforços. Senão vejamos as outras ideias para o ataque: Tiago Adan acabou de chegar e ainda não pode mostrar nada (o mesmo vale para Fernandão). Edigar Junio é inexperiente e não encontrou seu espaço dentro da equipe. Morro García, Nieto e demais estão fora de combate e cogitação. Onde estão os gloriosos atacantes que deixam Bruno Mineiro comendo poeira?

No geral, as críticas ao elenco e ao técnico Carrasco carecem de equilíbrio. O time não é horroroso, mas também não é nada daquilo que esperávamos para o Atlético em 2012. Temos deficiências graves, dificuldades em encontrar um padrão de jogo e acima de tudo, severos problemas com preparação física e emocional. Perdemos a maioria de nossos jogos no segundo tempo e, não raramente, estamos deixando o controle da partida fugir de nossos comandos. A solução é relativamente simples: melhorar o condicionamento físico dos atletas, valorizar a posse de bola e não exagerar na verticalização das jogadas. O futebol é um jogo muito antigo e não é preciso reinventar os princípios básicos: se estamos sofrendo pressão, e se o elenco é ainda é fraco, precisamos jogar com o melhor que temos e dar forma ao time principal. Carrasco, por sua vez, não é louco ou burro como alguns torcedores querem fazer parecer. Está tentando implantar algumas mudanças e, muitas vezes, ainda toma decisões precipitadas que acabam prejudicando a equipe. Mandá-lo embora, no entanto, não é a solução. Ficaremos com quem? Celso Roth, Mancini, Adilson Batista e outros gênios táticos que repetem fracassos por onde passam?

Carrasco precisa entender que não estamos no Uruguai, MCP precisa compreender que o time necessita de reforços significativos, e não de apostas, e alguns torcedores precisam lembrar que estamos em fase de reconstrução. É simples, mas ninguém está fazendo a sua parte. Falta equilíbrio.


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