Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Transformação

30/05/2012


Um bom vinho demora anos, por vezes décadas para ser maturado. Além do terroir, condições de seleção das uvas, acondicionamento e procedimento no feitio fazem de vinhos simples grandes clássicos que chegam a valer milhões de dólares no mercado da enologia.

Um bom prato é fruto de muito treino de quem o executa, além de dezenas, centenas de tentativas até se achar o ponto certo, o sabor adequado, o tempero sonhado. Dia desses conheci um shawarma no centro da cidade e conversando com a proprietária, ela me disse que o tempero usado é receita de família e que foi testado e modificado até se chegar ao ponto ideal e que esse processo todo levou pouco mais de dois anos.

Qualquer coisa minimamente decente não surge do nada, não aparece da noite pro dia: ela leva algum tempo. Com um time de futebol acontece a mesma coisa.

O time campeão brasileiro de 2001, então bi estadual não surgiu do nada. Jogadores como Flávio, Gustavo, Gabiru, Cocito já estavam no clube desde a quebra do jejum de títulos em 1998 e faziam parte da espinha dorsal do time campeão da Seletiva de 99 que tinha ainda Kléber que se manteve aqui por mais alguns anos.

O Atlético atendia a princípios basilares de quem quer ganhar títulos obedecendo alguns critérios: destaques permanecem, tiriças se vão e se apostam em novos e desconhecidos jogadores em posições chave, trazendo também um ou outro jogador mais rodado para passar sua experiência aos mais novos. Assim foram Axel, Sandoval e Souza nos times vencedores de uma década atrás.

Negociações obviamente aconteciam, mas pontualmente e por propostas muito vantajosas financeiramente ao clube.

Entretanto e mais especificamente de 2006 pra cá o clube tem obedecido um critério bastante obtuso no planejamento (ou na falta dele) no futebol: os raros destaques se vão à primeira proposta, as tiriças não só ficam no elenco, como voltam e são titulares depois de encerrados seus empréstimos (vide a volta de vários jogadores emprestados e imprestáveis este ano), se jogam as revelações da base na fogueira para resolverem o problema e não se trás absolutamente nenhum jogador que venha para resolver.

O resultado: dos últimos seis estaduais vencemos somente um e por absoluta incompetência do centenário rival, os vimos serem quatro vezes campeões sendo três seguidas, flertamos com o rebaixamento em 2007, escapamos no apagar das luzes em 2008 e 2009 para finalmente cairmos em 2011.

O que quero dizer é que esse time, sendo mantida a base fracassada do ano passado, “reforçado” por refugos, jogadores que estavam sem contrato e sem clube e mais a volta daqueles que nunca deveriam estar aqui de novo pode até ser suficiente para subirmos, dado o baixíssimo nível da segundona, mas não estará sendo plantado nada, absolutamente nada sequer para 2013, quem dirá para os próximos anos.

É estatístico, dos quatro que sobem, dois caem no ano seguinte e um terceiro um ano depois por falta de planejamento, falta de uma base sólida e necessidade de se montar um time inteiro a cada virada de ano. Urge no Atlético a vinda de meio time que chegue, assine, treine e jogue, nosso elenco é reduzido e fraco, Carrasco é taxado de inventor, mas se vê sem atletas para posições chave como zagueiro (só temos Manoel), lateral, volante decente e um camisa 9 de verdade.

Vão esperar o que para começar a lidar com futebol do clube, repito, abandonado a própria sorte já há mais de meia década?


Obs.: esta coluna foi escrita antes mesmo do jogo diante do Palmeiras semana passada, ou seja, o leitor pode concordar, discordar e debater, mas não pode me chamar de oportunista.

ARREMATE

“ O que fazemos na vida, ecoa na eternidade”.. General Romano Maximus no filme Gladiador, 2000.


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