Alexandre Sugamosto

Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.

 

 

A federação verde

23/04/2012


Há muito venho comentando, e o fiz em minha coluna passada, sobre a falta de qualidade do campeonato paranaense (aliás, a crítica ao formato dos estaduais já é voz dominante entre os principais jornalistas esportivos do país). Sempre existem, no entanto, alguns adversários ressentidos, ou mesmo atleticanos magoados, que são partidários da ideia de que as críticas devem recair sobre a formação do elenco, a diretoria ou mesmo em Juan Carrasco. Penso que não seja o momento para isso: estamos nos encaminhando para duas partidas finais e temos que dar o máximo de força para que o Furacão levante a taça. Críticas ou elogios virão após o término do trabalho.

Grosso modo, os campeonatos estaduais são torneios de baixa competitividade, pouca alternância entre os campeões, gramados lamentáveis e pequena presença da torcida. Para termos uma ideia exata da situação: o cotejo entre Vasco e Flamengo foi acompanhado por 15 mil pessoas e o Atletiba decisivo por 18.572 torcedores verdes. Não raro, as Federações locais são apenas aglomerados políticos com pouco interesse no desenvolvimento do esporte e do negócio futebolístico. Os dirigentes máximos dos feudos, por sua vez, são figuras conhecidas por algumas extravagâncias: o ex-presidente da FPF que o diga. Não é por menos que jornalistas como Mauro Cézar Pereira, ESPN Brasil, chamam o campeonato paulista de ‘torneio do Del Nero’, em uma clara alusão ao poderio dos mandatários.

A situação no Paraná parece ainda pior. Sofremos de uma crise de coronelismo que é responsável por decisões absurdas, torneios com fórmulas idiotas e escalação duvidosa da arbitragem. A presença de Héber Roberto Lopes em dois de cada três Atletibas é emblemática nesse sentido. Não menos desastroso foi o apito do sr. Antonio Denival de Morais. Teve pouco controle do jogo, inverteu faltas, ficou assistindo ao teatro do meia Tcheco, empurrou jogadores e conseguiu desagradar ambas as equipes. Conseguiu ainda a façanha de ser auxiliado por dois bandeirinhas que resolveram presentear a esquadra verde (?) com dois tentos.

Não é a primeira vez que o CFC conta com o apoio dos apitadores. A partida contra o Londrina, para citar só um exemplo, gerou protestos por parte de jogadores, torcedores e alguns setores da imprensa que ainda tem alguma isonomia no trato com o ‘glorioso’. A Federação verde tenta a todo custo não deixar o moral do ‘guinness team’ em baixa.

A questão principal é: até quando o Atlético dará seu aval a um torneio semiamador? O processo de profissionalização, iniciado e prometido pelo atual presidente, será levado adiante? Lutaremos ao menos para que árbitros de outras federações venham apitar o clássico dos combalidos?

Como diria o general Júlio Cesar: alea jacta est. (a sorte está lançada).


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