Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 56 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

O time de Carrasco

08/04/2012


Fui a Criciúma assistir in-loco a partida contra o Tigre. Antes de chegar ao estádio, observei a grande movimentação da torcida local e dentro dele, tive uma surpresa ao ver a paixão da torcida pelo Tigre. Atrás do gol onde atacamos no primeiro tempo, estava concentrada a “organizada”, que simplesmente à moda Argentina, não parou o jogo inteiro de cantar e apoiar o time. Diante desse ambiente, vi o Atlético de Carrasco fazer uma das melhores partidas de futebol que o time jogou nesse ano, criando oportunidades de gol, algumas delas desperdiçadas por Marcinho, fazendo jogadas bonitas e marcando muito, muito forte. Depois já no caminho para casa, escutando a Rádio Eldorado, a mais importante de Criciúma, ouvi os comentaristas falando em “totó” e “fuga da eliminação”. Elegeram o goleiro como “melhor jogador em campo” do lado deles, pois Andrei evitou o que seria uma histórica goleada.

Como detalhe negativo, faltou pouco para os catarinenses partirem para atitudes racistas contra Guerron. Ainda bem que sobrou mais espaço para aqueles que apoiaram o Tigre sem cair nessa armadilha.

A importância desse jogo reside no fato do time ter apresentado personalidade, força e sangue frio para suportar a pressão, depois de levar um gol da forma como levou, exatamente como gosta o treinador Carrasco. O fator "gol" por si só, já seria suficiente para levar qualquer equipe ao desespero. Mesmo assim o Atlético marcou o segundo gol e se não eliminou o adversário, trouxe para casa a decisão da vaga. Tem missão difícil a equipe do Criciúma, em especial pela qualidade do futebol que apresentou. Tomara que eles não melhorem!

A surpresa da semana está no fato do Paraná Clube negar a Vila Capanema ao Atlético. Depois dos nossos “outros amigos”, foi a vez dos tricolores nos declararem guerra, numa atitude que dificilmente será esquecida pelos lados da Baixada. Se alguém me perguntar se fiquei surpreso, a resposta é “não”. A autofagia curitibana é objeto de estudos sociológicos e acontece não só no mundo do futebol, sendo recorrente na política e até mesmo nas relações pessoais. Será mesmo que somos todos invejosos crônicos, daqueles que desejam ver e até mesmo torcem pelo fracasso dos outros, quer sejam familiares, vizinhos ou amigos? Será que vivemos em uma cidade de pessoas vaidosas, que se negam a compartilhar méritos e preferem destruir aquilo que de bom pode ajudar a coletividade?

É sempre mais fácil tomar decisões mesquinhas, justificando-as usando como “explicação” as atitudes de outra pessoa. “Fizemos assim, pois fulano disse assado” e por aí vai. Ficamos nós, a maior parte da torcida do Atlético, sem saber os “porquês” dessa ou daquela atitude de nossos rivais. Creio que há mais justificativas na conta dos nossos rivais, do que aquelas divulgadas pela imprensa. E hoje, tenho certeza de que os eles estão preocupados com as vantagens estratégicas que o Atlético vai obter como sede dos jogos da Copa. Desse ponto de vista tudo se justifica e passa a fazer sentido.

Com a liberação dos recursos do BNDES, as obras na Baixada vão ganhar um ritmo mais acelerado. A Arena estará concluída dentro do prazo, mesmo com o clima de desconfiança instaurado por todos os lados pelos opositores do projeto. Isso é uma notícia boa no meio de tantas confusões que insistem em nos tirar o sossego.

Por fim, na semana passada alguns atletas entraram com ações trabalhistas contra o Clube. Numa época onde as relações estão cada vez mais profissionalizadas, é importante a administração estar atenta às relações que estabelece. Não me cabe julgar se o postulante tem ou não razão. O fato é que as ligações afetivas não pesaram muito na hora de acionar o Clube. O Clube deve se defender para minimizar os prejuízos e aprender a pesada lição do mercado, que é “amigos, amigos, negócios à parte”.

Amanhã tem jogo para mil pessoas. Pouco diante da força da nossa torcida. É domingo de Páscoa e hora de comer chocolate na frente da TV.
Feliz Páscoa para toda a massa atleticana!


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