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Bruno Rolim
Bruno Rolim, 42 anos, é bacharel de Turismo e jornalista. Filho de coxas, é a ovelha rubro-negra da famÃlia. Descobriu-se atleticano na final do Paranaense 90, com o gol do Berg. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2007.
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Libertadores: unidos pelo mesmo ideal
01/03/2005
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Um bom dia para toda a torcida atleticana! Hoje é dia de Libertadores, a segunda maior competição entre clubes do mundo. E o Atlético está como único e digno representante do estado do Paraná. Talvez para tentar inspirar a torcida, passarei um pouco da minha história como torcedor do Atlético.
Sou nascido em 1982. Meu tio-avô era presidente do clube, mas por ironia meus pais são torcedores do Coritiba. Aprendi a ser atleticano em 1990, quando meus pais me levaram à final do Estadual, um Atletiba. Os rivais tinham um time melhor, mas nós jogávamos pelo empate. O Coritiba abriu o placar, o Atlético empatou, o Coritiba fez 2x1. AÃ, o inacreditável: aos 35 do segundo tempo, num lateral cobrado pelo Atlético no seu ataque, após uma confusão, o zagueiro Berg, do Coritiba, cabeceia encobrindo o goleiro. Era o gol do tÃtulo - e contra. Ali eu percebi, com aquela torcida rubro-negra fazendo a festa, empurrando o time mesmo quando perdia, que meu coração era e é Rubro-negro.
Nessa época em que comecei a acompanhar o time (mais via rádio e jornais, além das transmissões da Rede OM, com o Galvão narrando os jogos do Paranaense), foi uma fase negra: faltava dinheiro para salários e, pior ainda, bolas para treinar. Chegou-se ao absurdo de pedir emprestado bolas do Paraná Clube. Mas a torcida não esmoreceu, mesmo estando longe da Baixada - o estádio estava fechado, o time jogava no desgraçado Pinheirão.
Anos de Série B, quando o torneio não tinha metade da divulgação que tinha hoje - jogos contra Goiatuba, Barra do Garças, Bangu, Novorizontino, Blumenau. Nesse perÃodo, o Atlético voltava à Baixada, ainda um estádio acanhado, mas conhecido por ser uma panela de pressão.
Em 1995, o fato que mudou a história do Atlético: um Atletiba, no domingo de Páscoa. Estive lá com meu primo. Os dois times em fase ruim. O Coritiba abriu três gols de vantagem no primeiro tempo. No segundo tempo, o Atlético marcou um gol. A pequena torcida calou a torcida rival, era uma cena insólita. Mas o Coritiba marcou mais dois gols, e o placar fechou em 5x1. Mesmo assim, aquela torcida, com lágrimas nos olhos, cantando o hino do clube, para espanto dos torcedores do Coritiba, que não entendiam o porquê daqueles torcedores estarem cantando. Não era felicidade pelo resultado, mas orgulho, ainda que ferido, de ser atleticano.
Um grande empresário atleticano estava no estádio, e, indignado com aquele quadro (uma torcida daquelas não merecia um Atlético perdedor), juntou-se a um cÃrculo de atleticanos influentes e assumiu o clube. Seu nome: Mário Celso Petraglia. Homem polêmico, de poucas papas na lÃngua, um dos poucos a encarar de frente Eurico Miranda, inclusive o pegando pelo colarinho na última reunião do C13, ainda ano passado. Mas o homem que mudou a história do Atlético. Talvez, para sempre.
A Baixada antiga, demolida. O enfoque do clube, investir na revelação de jogadores. A construção do CT do Caju, o melhor do Brasil ao lado dos CTs do Cruzeiro e São Paulo - estamos fazendo um levantamento estatÃstico dos principais CTs do Brasil, o diuvlgarei aqui em breve. A venda de jogadores como Lucas, Oséas, Paulo Rink, Warley, possibilitou o pagamento da construção do novo estádio, o novo Joaquim Américo, a Arena da Baixada.
O clube passou a seguir um modelo de administração europeu - há uma série de problemas de contexto ainda, conflitos com torcedores (o clube limitou muito da torcida, baterias, faixas). Mas esse modelo fez com que o clube que iniciou os anos 90 rebaixado para a Série B entrasse em 2000 qualificado para a sua primeira Libertadores.
Um ano depois, o maior triunfo da história do clube: o Brasileiro de 2001. Uma equipe de 11 jogadores voluntariosos, que formou uma quÃmica que dificilmente será igualada. Um ataque destruidor, uma defesa nem tanto. A torcida, que praticamente empurrou o clube, como na semifinal contra o Fluminense e na final contra o São Caetano.
Infelizmente, após o tÃtulo, muitos torcedores foram acometidos de um mal que aflige clubes campeões: a arrogância. Isso explica o clima de "É CAMPEÃO" em 2004. Em 2001, quem gritava antes do tÃtulo eram os torcedores do São Caetano. A torcida do Atlético teve a humildade de só começar a comemorar aos 42 do segundo tempo.
Hoje, vejo que muito disso mudou. Mas, a mÃstica da torcida ainda está presente, como na virada sobre o Flamengo, com gols aos 44 e 46 do segundo tempo; na vitória sobre o São Caetano por 5x2; na vitória sobre o Santos por 1x0. Sinto muito orgulho. Olho meu passado, olho meu presente. Se o Clube Atlético Paranaense não é um dos grandes do futebol brasileiro ainda, ao menos já pintou seu nome no mapa do futebol brasileiro.
E, hoje, temos mais uma chance de pintar nosso nome no mapa do futebol sul-americano. Como único paranaense a já ter passado da primeira fase na Libertadores, que o Olimpo do futebol sulamericano abençoe as defesas de Diego, a voluntariedade de Cocito, a sobriedade de Baloy, a raça de Marcão, a abnegação dos guerreiros Alan Bahia e Rodrigo Souto, a técnica de Fernandinho, a vontade de FabrÃcio e Jancarlos, a versatilidade de Dênis Marques e o oportunismo do matador AloÃsio. E, claro, que o técnico Casemiro seja iluminado, e que tenhamos em Ticão, Evandro e Maciel as armas para derrubar um adversário já enfraquecido, após 45 minutos de batalha.
É a segunda batalha do Atlético na Libertadores - a primeira, deixamos de vencer nos detalhes. Agora, com o apoio da torcida, vencer é obrigação! Esqueçam ao menos por duas horas o ódio à diretoria, a bateria, e vamos nos unir pelo mesmo ideal: o Clube Atlético Paranaense. A paixão nunca deve morrer - e está em nossas mãos!
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