Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 56 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

Rivalidade bombando em 2012

14/01/2012


A rivalidade entre as equipes do futebol paranaense é fundamental. Sem adversário não existe competição e a rivalidade quando é inteligente, lota estádios, provoca debates nas ruas, torna uns e outros objetos de gozações e chacotas. Enfim, quando a rivalidade é sadia, não faz mal a ninguém. Em visita ao CT do Palmeiras, grudado no CT do São Paulo, ouvi de um dirigente que eles estabeleciam uma distinção entre "rival" e "inimigo". Rival era o Corinthians e inimigo, os vizinhos de muro. Somos rivais ou inimigos dos verdes?

Quando a rivalidade sai das quatro linhas e vai aos tribunais, aí há problemas que vão do campo econômico a estreiteza política. Acionando o TJD-PR o rival abre uma disputa interessante, permeada por inúmeros interesses que não só aqueles do futebol.

O que nós podíamos esperar da diretoria do maior rival? Que eles nos aguardassem com tapetes verdes (vermelhos por lá ia ser meio difícil) e nos cedessem o estádio que tanto amam “de graça”? Lembrem que moramos em Curitiba e que aqui, dificilmente alguém visita outra pessoa sem avisar antes. Imagine então ceder a preço módico um estádio de futebol, que teve a sua grama inteira remodelada e etc, etc, etc? E tudo isso enquanto o rival torna o seu estádio o melhor e mais moderno do Estado? Aí é demais não é mesmo?

Quem pode condenar a postura do dirigente coxa? Ninguém, pois creio que era de conhecimento público que ele tomaria a postura que tomou. Não é de hoje que esse posicionamento era conhecido. Quem fica numa sinuca de bico é a Federação, que se não conseguir valer os seus regulamentos, aprofunda a olhos vistos a sua vocação “cartorial”, já que alguns argumentam que a entidade é um mero cartório de registro e transferências de atletas.

Considero a manobra de Petraglia inteligente, na medida em que ele terceirizou um problema, reduzindo o parâmetro de preço de R$ 250 mil para R$ 30 mil, um valor bem mais próximo da realidade. Seguramente vai provocar um desgaste à diretoria do rival. Wilson Ribeiro também é um sujeito inteligente e é provável que no meio dessa confusão com até agora três atores, as suas negativas provoquem o surgimento de outros convidados para o baile, como os governos Estadual e Federal.

Em São Paulo Kassab depois de ajudar o Itaquerão, caminhou na direção de São Paulo e Palmeiras, na linha do “estou à disposição, do que vocês precisam?”. Aqui eu ainda nem consigo perceber uma atuação mais forte do poder púbico. Parece mesmo que a Copa só é boa para o Atlético. Será?

A Copa do Mundo não é só do Atlético. Nunca foi e isso não entre na cabeça de algumas pessoas da nossa cidade. O olho grande na costela do vizinho é forte por aqui. Parece que existe um certo tipo de ódio em ver alguém tendo sucesso ou se dando bem. Se o Atlético não tem onde jogar, “problema dele”, mesmo que isso traga à cidade milhões de reais em obras públicas. Aí é “benefício” nosso e “nós não pedimos isso e já que está aí, vamos usar”. Enfim, esse comportamento patológico ainda vai demorar anos para mudar, se é que algum dia vai mudar. Mas ele existe, é crônico e temos que conviver com ele.

Coordeno um grupo de discussão do Atlético no Facebook, que tem hoje 343 integrantes. Nesse grupo o que posso constatar é que as feridas eleitorais estão abertas, e que ainda vão demorar muito tempo para cicatrizar. Vencedores e vencidos estão muito longe de conseguir manter um diálogo civilizado. Até parece que a votação não aconteceu e que teremos que voltar às urnas amanhã. Alguns tentar acalmar os ânimos. Pelo jeito, ainda não dá. Procuro manter no grupo a mesma posição que adotei nas eleições. Como fui trabalhar em outro Estado, participei muito pouco do processo eleitoral. Sempre achei que as coisas decididas no voto são melhores e que devemos olhar para frente, já que um de nossos grandes patrimônios é a unidade da torcida. Se ela não é possível na política interna do Clube, que seja nas arquibancadas. Ninguém é bobo de pensar que vai ficar “tudo bem” de uma hora para outra.

Boa sorte ao novo treinador na montagem do elenco. É preciso movimentar as coisas na Baixada, pois nosso Jeep tombou feio ano passado. A desconfiança é geral e o medo do fracasso maior ainda, pois ainda não aconteceram grandes mudanças no elenco. Petraglia pediu calma. Vamos aguardar.


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