Ana Flávia Weidman

Ana Flávia Ribeiro Weidman, 41 anos, é servidora pública federal e já veio ao mundo comemorando uma vitória rubro-negra. É perdidamente apaixonada pelo Furacão e fica com os olhos marejados toda vez que vê o time entrando em campo e ouve os primeiros acordes do hino atleticano!

 

 

Uma conquista familiar

23/12/2011


João, Ana Maria, Ana Flavia, Mariana e João Gabriel. Essa era o núcleo central da minha família em 2001: eu, meus pais e meus irmãos. Todos atleticanos. Durante aquele ano estivemos juntos na Baixada em diversas partidas, especialmente naquelas memoráveis contra o São Paulo e Fluminense. Era tanta alegria que mal cabia no peito!

Por alguma razão que não lembro agora, apenas meu irmão conseguiu ingresso para o primeiro jogo da final na Baixada contra o São Caetano. Naquele domingo, horas antes da partida, meu pai tentou comprar mais quatro ingressos. Vocês vão lembrar que era uma época em que os cambistas eram perseguidos pela polícia, o que dificultava “encontrar” ingressos fora da bilheteria. E mesmo que meu pai não compactuasse com aquele tipo de atitude, estava disposto a pagar o preço que fosse pelos ingressos. Mas não deu. As horas passaram, dava para ouvir o grito do povão dentro da Baixada e a dor por estar de fora machucava. O pai fez o que podia. O jeito foi voltar para casa e ver o Atlético jogar pela TV.

E foi isso que aconteceu! Ora em pé, ora sentados, com o radinho ligado, apenas nós, nossa família, assistimos aquela partida que, até aquele momento, era a mais importante da nossa história atleticana. Confesso que a chateação por não ter entrado no estádio, todos juntos, como fizemos nos jogos anteriores, durou pouco. A emoção, a ansiedade, a fé e a confiança de que o título brasileiro viria falou muito mais alto. Fizemos da sala da nossa casa um caldeirão e hoje, lembrando de tudo, digo que em nenhum momento senti falta da energia do povão.

Furacão 4 X 2 São Caetano.

No domingo seguinte, todos juntos, inclusive o meu irmão, nos posicionamos em frente à TV da sala novamente. Não tinham outros parentes, nem amigos. Éramos eu, pai, mãe, a Mari e o Gabri. Ninguém mais. Éramos cinco, mas parecia que estávamos em milhares.

São Caetano 0 X 1 Furacão.

O sofrimento, a empolgação com o gol, os berros pelo corredor da casa, os gritos no portão. Nossa casa em Piraquara não devia nada à festa que se formava no Anacleto Campanela. Foi inesquecível! Um abraçava a TV, outro corria pela casa, eu berrava para os vizinhos, o pai passou a mão no telefone e começou a ligar para os coxas...

Do jardim temos uma vista privilegiada da cidade, pois o terreno fica bem no alto. Em poucos segundos vi a maior manifestação de alegria que Piraquara já teve notícias! Eram atleticanos por todos os lados, saindo de suas casas trajando aquela que só vestimos por amor, bandeiras nas janelas, buzinaço na avenida, hino do Atlético ecoando por todo lugar! O pai colocou todo mundo dentro do carro e fomos festar!

Se eu sinto por não ter visto pessoalmente essa conquista? De jeito nenhum! Pois para mim, aquele título brasileiro de 2001 ficará marcado para sempre na minha memória e no meu coração como uma conquista familiar! De uma grande família de atleticanos!


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