Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 57 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

Denorex

29/10/2011


Na semana passada todo mundo voltou a se animar com a perspectiva de escarparmos da ida à segunda divisão. Como nós não nos entregamos nunca, pois afinal de contas somos todos atleticanos, a esperança não vai embora mesmo com a equipe fazendo todos os esforços do mundo para cair. E como esses esforços tem sido grandes! Podemos falar de inúmeros jogos onde perdemos pontos preciosos, que poderiam representar uma forte dose de energia nessa reta final do campeonato. Perder para o Santos nessa coisa toda nem foi surpresa.

América, Avaí e nós, infelizmente, estamos respirando por aparelhos. E a última vaga está sendo “disputada” com muita intensidade entre Atlético-MG, Cruzeiro e Ceará. Quem sabe ainda apareça o Bahia nessa novela trágica.

Não vão faltar analistas, comentaristas, teóricos, gênios do marketing esportivo, chupa-cabras em geral e especialistas em coisa nenhuma para explicar o que aconteceu com o Atlético Paranaense ao longo dos últimos anos. Do clube mais promissor do Brasil, passamos a ser o time Denorex, aquele produto do “parece mas não é”. Parecia que realmente seríamos uma mola propulsora no desenvolvimento do futebol no Estado do Paraná, o que faria de nós uma equipe posicionada de forma permanente entre os grandes, não apenas constando na primeira divisão, mas sendo um time de chegada, disputando as primeiras posições e as vagas para as competições internacionais, que são as que projetam a equipe no cenário mundial. E até vivemos nesse cenário por alguns bons momentos. E aí, parou de acontecer.

Parecia que teríamos de forma natural a hegemonia no futebol paranaense, quase como se fôssemos soberanos na província do Paraná, com títulos que justificassem o crescimento da nossa torcida, que nos levou à liderança absoluta do número de torcedores no Estado. Somos Top of Mind há vários anos consecutivos, a marca mais lembrada, o Clube com a saúde financeira mais estável e no entanto, não aconteceu.

Parecia que revelaríamos o maior número de jovens atletas, com o CT mais imponente do Estado, onde a Seleção Brasileira veio treinar antes de ir à Copa do Mundo pela qualidade dos campos, estrutura de apoio e hotelaria, piscina especial, salas de musculação com equipamentos de primeira geração e, no entanto, onde estão as nossas revelações? Ou pelo menos onde está um cara que vá atrás delas com olhos clínicos, preparados para revelar atletas que poderão se tornar ídolos, fazendo explodir a Arena da Baixada? Estou pronto para ouvir o contrário, mas parece que também não aconteceu. A não ser que alguém deseje me convencer de que alguns que estão em campo hoje, são de fatos revelações especiais.

Por tudo o que vivemos ficamos mal acostumados. Olhando para a história recente, vimos a maior transformação vivida por um time de futebol do Paraná. Achamos que seria como uma revolução permanente, com novos fatos a cada momento, que seriam como gasolina na fogueira ou mais vento no furacão. E também não aconteceu. Até mesmo a conquista da Copa, que eu sempre defendi, parece nesse momento ofuscada pela tristeza de enfrentar esse momento difícil, que se arrasta lentamente pelo tempo.


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