Alexandre Sugamosto

Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.

 

 

O reino dos amadores

23/09/2011


As manchetes da Tribuna do Paraná e da Gazeta do Povo eram emblemáticas: “Atlético pode perder até dez mandos de campo”. Ora, é difícil entender algumas coisas. Jornalistas, vocês estão ganhando mal? Os jornais não estão pagando salários adequados? Só isso poderia explicar a absurda falta de vontade em pesquisar e trazer a notícia correta aos leitores que pagam pelas “informações” diárias. Se o problema for o salário, ou qualquer outro, façam uma passeata, uma mobilização, mudem de trabalho...

Se vocês, jornalistas, estivessem acompanhando as redes sociais, saberiam que nosso colega Paulo Perussolo, que estuda direito esportivo, já havia provado por a + b, uma semana antes do julgamento, que a possibilidade de perda de mando era remota. Dez mandos? O que nós fizemos para isso? O outro time da capital sofreu a punição mais severa da história do futebol brasileiro porque a gentil torcida destruiu o estádio, agrediu jogadores e dirigentes.

Não quero crer que a desinformação constante e as críticas severas ao nosso combalido clube são fruto de uma má vontade intencional. Afinal, existe um código de ética da profissão. Não o li, mas acredito que ele preveja algum tipo de imparcialidade, fidelidade aos fatos e, fundamentalmente, uma espécie de compromisso com o aprofundamento das informações veiculadas. Estou correto?

A autocomiseração não está no DNA rubro-negro. Não queremos que vocês façam campanhas explícitas para nosso time, que chamem de “máquina mortífera”, que exaltem recordes sem importância ou qualquer coisa do gênero. A nação atleticana pede uma informação franca e honesta. Não queremos saber das intrigas plantadas no coração do clube e das mesquinharias ideológicas que assolam nosso setor político ou de especulações. Já não bastam os colunistas tendenciosos, as capas ridículas – como aquela onde denegriram um jogador de nossa equipe- e os textos claudicantes e moribundos? Não é suficiente a falta de habilidade técnica dos redatores e a falta absoluta de compromisso com uma crônica esportiva qualificada e interessante?

Se os jornais se acham no direito de escreverem o que bem entendem, sem que isso tenha a menor ligação com as situações reais, vou me dar o direito de começar meu protesto individual: não vou mais comprar os pretensos tabloides e também não acompanharei os sítios eletrônicos dos mesmos.

E para os que pensam que estou tendo uma atitude inútil, basta lembrar o famoso caso em que a torcida do Liverpool se uniu e promoveu um calote fantástico, que acarretou em perdas monetárias severas, ao jornal “The Sun”. Mais informações em http://www.anfieldroad.com/dont-buy-the-sun/.


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