Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 56 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

Panis et circenses

10/09/2011


Se nas Arenas da Roma atinga os plebeus manifestavam a sua insatisfação com relação ao preço dos alimentos e à cobrança de impostos, na moderna Arena da Baixada, os torcedores do Atlético vem manifestando a sua insatisfação com o monstrengo que tomou o lugar da equipe que tanto amamos. É verdade que não há a distribuição de pão. Mas ao mesmo tempo, podemos experimentar atitudes meio próximas de um espetáculo circense como a do diretor de futebol atleticano, ao invadir o campo para dar uma dura no árbitro no jogo contra o Palmeiras. Certo ou errado ele fez o que todos nos gostaríamos de ter feito naquele momento. Por isso é que as opiniões estão divididas em relação ao fato. Parte da torcida e da crônica concordam que o árbitro mudou o jeito de apitar. Parte não identifica isso de imediato, e se preocupa basicamente com as conseqüências da atitude e não com a mesma propriamente dita.

O fato é que depois de contratações chupa-cabra, de ter abandonado a Sul Americana como bem lembrou Rodrigo Abud, a atitude do dirigente não serviu para nos livrar da zona de rebaixamento ou para mudar o ambiente geral no Clube. No fim das contas a coisa foi mais midiática do que qualquer outra coisa. Nossos dirigentes não têm mais a confiança da maior parte de nossa torcida e eles sabem muito bem disso.

O que é difícil explicar no Pará, no Tocantins, na CIC, no Cabral ou em qualquer ligar desse mundo, é como um Clube com dinheiro em caixa consegue fazer um campeonato tão desgraçado como esse que estamos fazendo. As pessoas simplesmente não entendem e perguntam pela Arena da Baixada, nossa principal ferramenta de marketing, sonhando com a perspectiva de seus times terem locais parecidos para, a partir daí, seus clubes crescerem e se modernizarem. O fato é que em todo Brasil existirão estádios modernos e a distância que abrimos na década passada não vai mais existir.

Com relação as nossas sofridas eleições, o quadro eleitoral como a ganhar contornos mais claros, com a candidatura da situação começando a tomar forma com Ênio Fornea. Nunca falei com ele e o vi uma ou duas vezes ali pelos corredores da Arena. Se ele realmente for candidato, aceitará uma missão impossível, já que sendo candidato da situação só um milagre fará dele o futuro presidente do Atlético. Como eu não acredito em milagres na política, creio que não há chances para surpresas nas eleições, a não ser que o nível do processo vá para a lama, que no meu entendimento é a única chance da situação tentar igualar as coisas. Na lama todo mundo é igual e chumbo trocado é pouco em disputas ferrenhas. Ganha que tiver mais disposição e vontade de macular a vida e a história de seu adversário.

Não vamos sair ilesos dessa temporada de fracassos. Esse tempo vai estar marcado em nossa história como uma chaga profunda, uma cicatriz indelével que carregaremos em nosso corações para sempre. Cabe aos responsáveis pelo processo, dar alternativas dignas a todos nós de hoje até a última rodada.

Sobre a partida contra o Flamengo o choque de realidade dos últimos dias, não me faz ter grandes expectativas. Como a esperança é a última que morre, vamos lá!


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