Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 57 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

Jogamos a toalha?

03/09/2011


O que acontece quando um campeão começa a ser massacrado pelos seus adversários? Ele cai a primeira vez e se levanta. A luta continua até o fim de cada assalto. O treinador grita palavras de incentivo, lança mão de atletas desconhecidos que podem “salvar o dia” e a derrota foi inevitável. Vem a nova partida. O campeão continua apanhando e cai pela segunda vez, pela terceira, pela quarta e assim de forma sucessiva. E assim vai a coisa, rodada a rodada das competições que disputa. A cada partida que acaba as fragilidades se tornam mais gritantes. A motivação do elenco é algo que já não existe e o clima nas arquibancadas é de derrota. A constatação é que só um milagre pode salvar o campeão, o nosso Atlético-Pr.

Perder jogos, campeonatos, torneios, é massacrante para uma torcida acostumada a vencer grandes jogos, a participar de finais, a conquistar títulos e a ser orgulhar de tudo que cerca o seu clube. Conviver com a derrota como se ela fizesse parte da nossa rotina, tem levado a grande maioria de nossa torcida “jogar a toalha”. Esse sentimento é gritante, transparente e não mais silencioso como em outros tempos onde estivemos próximos de cair. Dessa vez e em especial depois da derrota para o Atlético Mineiro, percebi de verdade que muitos rubro-negros de dez costados, jogaram mesmo a toalha. Os mais radicais dirão “que esses não são atleticanos de verdade”. Eu contestarei afirmando que são sujeitos muito, muito apaixonados pelo clube, e que se fazem as críticas que estão fazendo é que simplesmente estão desenganados pelos resultados da equipe.

Quem são os culpados? Em um Clube como o nosso não dá para beijar a lona sem buscar apontar os erros que estão nos levando ao caos. A administração do Atlético foi incapaz de detectar problemas e demonstraram não ter o Clube nas mãos. Não conseguiram rever suas estratégias e em alguns momentos, pareceu que não existia nenhuma. Quando foram ao mercado, pareceram afoitos. Quando recuaram pareceram covardes. Quando foram ousados pareceram irresponsáveis e quando estiveram certos, os resultados em campo contrariaram as certezas. Nada de bom? Sim, me parece que a história para esse grupo será escrita dessa forma. Parece que falta um líder capaz de minimizar o impacto causado pelas divergências políticas do Clube, alguém que tenha lucidez para analisar a situação de forma fria, para minimizas os danos de uma cada vez mais próxima queda para a segunda divisão.

Contra o Grêmio as perspectivas são as piores possíveis. A deserção de Renato Gaúcho parece ter sido estratégica para ele, que esperto, está se protegendo de ser triturado na sua terra. Perdendo daria margem aos seus críticos para que confirmassem o que afirmam sobre ele. Ganhando seria considerado traidor. Para ele bom mesmo foi deixar o rubro-negro à deriva, sem comando e a própria sorte, mesmo com a chegada de Antônio Lopes, que pouco ou quase nada vai poder fazer em termos táticos e sim escolher onze caras para jogar. Temos chances diante desse quadro? Se com um treinador no dia a dia já estava difícil, é preciso sorte para vencer o Grêmio e isso anda nos faltando.

E me perguntam o que eu faria se fosse o presidente. Sinceramente eu não sei exatamente por onde começar. Mas acho que tentaria formar uma grande coalizão entre todos os segmentos do Clube, um verdadeiro pacto com todas as forças, para tentar reagir de alguma maneira. Não vejo esse presidente com capacidade de se articular nesse nível, pois o ódio de vários setores contra ele já está em um nível elevado. Internamente creio que ele ainda tem muito espaço para manobrar, pois é respeitado pelos seus pares, mesmo enfrentando a saída de pessoas muito valorosas de sua gestão. Por fim, viria publicamente pedir apoio da torcida até a última rodada do brasileiro, para acreditar até o fim e fazer valer nosso hino, que diz “rubro-negro é quem tem raça, e não teme a própria morte”. Se vamos cair ou permanecer na primeira divisão, que pelo menos estejamos juntos. Até o fim.



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