Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Um pedido ao Presidente

01/09/2011


Por favor Presidente, não deixe o Atlético cair. Faça o que for preciso, exerça o poder conferido pelos sócios no pleito de dezembro de 2008 e tome todas as medidas urgentes e necessárias para que o Clube Atlético Paranaense não volte ao inferno que é a Série B.

O Atlético se estruturou na gestão passada, da qual o senhor fazia parte, justamente para que essa catástrofe nunca mais acontecesse. Enumerar os títulos e conquistas dos últimos 15 anos é desnecessário, assim como desnecessário lembrar a míngua técnica que atravessamos já há meia década. Sim Presidente, os problemas não são de hoje e somente uma consequência do abandono que vimos no futebol atleticano desde 2006, quando começamos a valorizar mais superávits e conquistas fora do que dentro de campo.

No nosso tempo de Série B ela era pelo menos um pouco mais digna. Lá estavam clubes que ao menos tinham tradição, história e torcida como forças nordestinas traduzidas na paixão popular de um Santa Cruz, um Náutico e um Vitória (que assim como nós viviam subindo e descendo de divisão), clubes pujantes como o Juventude de Caxias do Sul ou eternas pedras no sapato como clubes com uma enorme legião de aficionados em suas regiões como o Vila Nova, Remo de Belém ou Fortaleza.

Hoje quase 1/3 dos times é de aluguel, como aquele tal Império do Futebol que teve aqui anos atrás. Boa parte dos times joga um ano numa cidade, outra em outra sem identificação nenhuma, sem escudo, sem história. Alguns como o Gremio Barueri chegam até mesmo a subir, tamanha a pobreza técnica da competição. Dia desses Presidente, vendo os gols da rodada passa o jogo de um tal de BOA (?!?!) em um estádio que sequer tinha arquibancadas, pois do lado oposto da transmissão (com câmera extremamente vertical, quase em 90°) havia um muro, umas árvores e os ônibus dos clubes parados de lado pro campo com alguns torcedores em cima deles vendo a partida! Alto lá..... o Atlético se estruturou, se organizou, fez e aconteceu para ter superado com folga essa fase quase que suburbana do futebol tupiniquim.

O Atlético não pode cair Presidente Malucelli! Veja o exemplo aqui mesmo, do outro lado da Rua Engenheiro Rebouças. O Paraná esfacelado, com uma torcida diminuta, quebrado, caído pra 2ª do estadual, monta um time na semana da estreia e faz regular campanha com chances de subir. É esse o nível de competição que o clube que possui o melhor e mais moderno estádio particular do Brasil quer jogar? É contra times como esse Salgueiro que nem sei de onde é, times da região metropolitana do Rio de Janeiro que teremos que visitar ano que vem? É pra isso que o clube economiza tanto, comemora superávits, é capa de revistas de economia e finanças sendo relegado a 3º, 4º ou 5º plano nas publicações sobre futebol?

Quanto nos custará cair e ter que disputar esse torneio medonho? E a imagem do clube, tido como um dos três que melhor arrecada, força emergente, plano de sócios exitoso, torcida apaixonada e participativa, como é que fica? Com que cara chegaremos aos patrocinadores para ajudar a bancar uma estrutura que é sabidamente cara, mas que em nada tem ajudado naquilo que de mais importante um clube que só tem futebol como é o Atlético teria que pensar que é seu próprio futebol?

Enfim Presidente Malucelli, nunca duvidei de sua idoneidade, sua vontade de acertar e seu atleticanismo, mas muitos erros foram apontados já faz muuuuito tempo e houve no mínimo complacência com eles, excesso de tolerância e grande demora em tomar atitudes mais duras para não usar a palavra omissão, que para mim não, mas para alguns críticos caberia aqui.

Pior que ver o que se vê atualmente é uma descrença quase generalizada de que adiante nada é muito diferente. Um time montado à base de machucados, veteranos e atletas emprestados e sem motivação e comprometimento ZERO com o clube cobra agora seus resultados. Para quem começou o ano perdendo em casa para o Arapongas, foi incapaz de vencer ao menos um dos duelos com o Operário, conseguiu a proeza de ser o único clube a perder uma partida para o Cascavel, o Atlético deveria ter reparado que uma completa reformulação tinha que ter sido providenciada antes do final do 1º semestre.

Não sei materialmente ainda há, mas dentro do coração, do machucado e maltratado coração do torcedor atleticano ainda há saída, ainda há tempo. Lutamos não só contra adversários dentro de campo, contra nossas próprias imensas limitações, lutamos também contra o tempo. E vamos ver o clube obrigado a agora, no desespero e afogadilho gastar muito mais (quer seja em contratações, rescisões, treinador, um gordo e polpudo bicho para fazer esse timeco suar a camisa) simplesmente para “comemorar” uma nova fuga do rebaixamento do que se tivéssemos investido desde o começo com inteligência, ousadia e vontade de ganhar.

O erro se repete e de novo o barato vai sair muito caro. Fazer o que? Enquanto o futebol no Atlético for relegado a um plano secundário, tocado por gente extremamente amadora e sem visão o preço a se pagar pela economia burra do barato que sai caro é esse aí.

Mas por favor Presidente Malucelli, não deixe o Atlético cair. É a cereja que faltaria no bolo de erros e desencontros que foram marca registrada no último triênio. Nem eu, nenhum torcedor, o clube e nem o senhor como pessoa de bem e atleticana merece essa marca. Evite que aconteça. Depende do senhor.

perdoem eventuais erros, escrevi com o coração mesmo e o que daquilo que vem do sentimento não se concebem correções


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