Alexandre Sugamosto

Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.

 

 

Sí, se puede

24/07/2011


O mesmo estádio, a mesma noite fria, o mesmo gramado sofrível, o mesmo time. Parecia improvável uma mudança significativa. Cansados das promessas e das trocas de comando técnico, como imaginar que os torcedores ainda teriam ânimo para, mais uma vez, empurrar e incentivar o rubro-negro rumo à sua primeira vitória?

A imprensa estupefata, “mesmo com essa campanha, com esse clima, a torcida atleticana ainda faz a diferença”, parece não achar argumentos para explicar a paixão de nossa torcida. E não há. Não estamos torcendo por um jogador determinado, por um técnico, por um presidente, por uma entidade física. Nosso grito dirige-se ao símbolo rubro-negro e a tudo que significa ser atleticano. Ter raça e não temer a própria morte.

Para alguns parecerá exagero encontrar tais significados em um simples jogo de futebol – jogo esse, aliás, que cada dia mais está maculado por interesses meramente comerciais -; mas a realidade é que o futebol tem um importante significado lúdico, na medida em que sintetiza poderes, estratégias e uma série de instintos elementares do ser humano.

II

Era fundamental, portanto, nossa primeira vitória. Era necessário que esse sentimento, essa paixão, tivesse uma dose mínima de estímulo. É tudo que o torcedor atleticano precisa. Continuamos na mesma posição e, convenhamos, não podemos ter grandes pretensões no campeonato. Contudo, estávamos com o grito preso na garganta, com uma ansiedade anormal, como se estivéssemos esperando a visita de um parente querido que não víamos há muito tempo.

III

Concluímos que, apesar das discrepâncias entre diretoria e torcida, podemos vencer. Passamos sufoco, é verdade, tivemos pouco controle de bola em momentos decisivos, demonstramos certo nervosismo e, mais uma vez, faltou um pouco mais de inteligência emocional. Mas era o dia de quebrar a maldição.

IV

Meus cumprimentos, Santiago El Morro García. A torcida deposita em você a esperança de gols, objetividade e raça. Sinta-se em casa e, ao contrário de muitos mercenários que por aqui passaram, lembre-se que você é o maior investimento do futebol paranaense de todos os tempos e faça jus aos milhares de atleticanos que gritaram seu nome ontem.


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