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Ricardo Campelo
Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.
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2011 x 2008 x 2005
18/07/2011
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A situação, infelizmente, não representa nenhuma novidade. O Atlético começar um campeonato de maneira pífia já é cena que o atleticano conhece bem, muito embora o ano de 2011 represente o pior de todos os inícios.
O clima é de derrotismo pela maior parte da torcida. Parece que a maioria dos atleticanos acredita que desta vez não há como evitar o descenso. Contra este sentimento de conformismo é que eu gostaria de questionar: por que? Por que não acreditar que podemos escapar, se já passamos por situações parecidas, ou mesmo piores?
Volto a 2005. Ao final da décima rodada, o Atlético tinha apenas três pontos. A primeira vitória veio com o time reserva, contra o Coritiba, às vésperas da decisão da Libertadores. Após a goleada para o São Paulo no Morumbi, acabava o sonho da Libertadores, e a realidade que se apresentava era a lanterna no Brasileirão. O elenco tinha tudo para se desestabilizar e sucumbir. Nada disso aconteceu. A torcida abraçou o time, que iniciou uma recuperação história e terminou o campeonato numa notável 6ª colocação.
O torcedor mais pessimista poderá observar, com propriedade, que naquele ano tínhamos um time bom, incomparável com o atual. Então, relembremos 2008. Não se pode dizer que aquele time era melhor que o atual. Sobrevivíamos de manjados cruzamentos de Netinho para finalizações de cabeça de Rafael Moura - e foi assim que escapamos do rebaixamento, sempre com o apoio incondicional da torcida, sem o qual certamente o desfecho seria diferente.
Entendo que a situação de 2008 era pior que a atual. Isto porque nossa maré de maus resultados aconteceu já no segundo turno, e não no primeiro. A situação era calamitosa: o time não jogava nada, os rivais na briga para o rebaixamento venciam, e a tabela era ingrata para as últimas rodadas. Eu mesmo cometi a barbaridade de afirmar, com antecedência, que o rebaixamento era inevitável, após perdermos em casa para o Fluminense, então adversário direto na briga por permanecer na Série A, e ficarmos a um ponto do lanterna Ipatinga.
Para se relembrar o tamanho do drama, confira-se o teor da notícia da Furacao.com em 13/10/2008: “Faltando nove rodadas para o fim do Campeonato, o Atlético disputará cinco partidas fora e apenas quatro em casa. Destas cinco partidas, três serão contra adversários diretos na luta contra o rebaixamento, Náutico, Figueirense e Vasco.”
Na sequencia, perdemos para o Internacional, e não tínhamos alternativa senão conquistar 17 pontos nas últimas oito partidas. O site Chance de Gol chegou a apontar risco de rebaixamento superior a 80% para o Atlético, a poucas rodadas do final do certame. E do desfecho, todos lembram: batemos o Flamengo na última rodada, e ainda ficamos com uma vaga na Sulamericana.
Algum milagre foi feito? Não. O clube trouxe Geninho, um treinador tecnicamente medíocre, mas que sabe trabalhar a motivação do elenco. Além disso, tivemos uma torcida apaixonada e 100% unida em torno de um objetivo, que mostrou toda a sua força para mudar o futuro do time.
Por que é que em 2011 o desfecho tem que ser diferente? Restam nada menos do que vinte e oito rodadas para o final do campeonato. Trouxemos um treinador que também sabe trabalhar o lado motivacional, e que veio com o aval dos próprios jogadores. O que resta é fazermos nossa parte. Chega de antecipar rebaixamento, de cogitar esta desgraça. O Atlético precisa é de união e energia positiva. Devemos sim, cobrar, apontar os erros da atual diretoria, mas fazê-lo de forma responsável e inteligente.
O futuro ainda será escrito, e há uma decisão a ser tomada. Como atleticanos, podemos manter este derrotismo e fomentar brigas políticas, ou podemos reescrever histórias de união e sucesso. Eu não tenho dúvidas de que com os atleticanos unidos e ao lado do time, o Atlético permanecerá na elite do futebol brasileiro. Aí sim, ao fim do ano, a política pode voltar a ser o foco, em vista das eleições de dezembro. Mas não para decidir quem assume um clube rebaixado, e sim o destino de um Atlético mantido no seu devido lugar, a Primeira Divisão.
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