Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

Dilema

06/07/2011


Quando a gente acha que já está ruim o suficiente, eis que surge mais um agravante para a crise atleticana.

E por mais que eu tente ser positiva e acreditar em dias melhores preciso admitir a mim mesma que jamais havia me sentido tão preocupada com os rumos do nosso Furacão, principalmente porque nunca tivemos tanto a perder.

É desesperador perceber que num dos anos mais importantes da nossa história parecemos um clube de segunda divisão, onde decisões importantes são tomadas na base da votação no papelzinho ou com a tinta de apenas uma caneta.

Não me senti assim quando estávamos para decidir a permanência na Séria A no último jogo do ano e, nem mesmo, quando amargávamos uma situação incômoda na tabela e meio time - mais artilheiro - foi afastado. Mas hoje a situação é completamente diferente e muito mais complexa, visto que nos deparamos diariamente com práticas completamente incompatíveis com o status do Furacão.

E o meu maior dilema circunda a melhor postura a ser adotada neste momento tão crítico. Afinal de contas, será que esse é o momento de promover uma reforma política sem precedentes? Ou será que devemos prestar apoio à quinta tentativa de salvar o time neste ano?

Analisando friamente é possível constatar que as duas alternativas podem trazer conseqüências irreparáveis ao Furacão e eu, como atleticana doente que sou, não quero simplesmente ver o circo pegar fogo, quero apenas soluções.

Confesso - humildemente - que ficarei muito grata se o Presidente Marcos Malucelli conseguir reverter toda essa situação e encerrar com dignidade o seu mandato, sendo que entendo como “término com dignidade” a permanência do Furacão na primeira divisão e o início das obras para a Copa do Mundo.

Assim como toda a nação atleticana, eu só quero o bem do Furacão, não importando quem o faça! Além disso, eu não tenho nada de pessoal contra este senhor, que inclusive já exerceu papel importante na história recente do Atlético, porém tenho muitas dúvidas acerca de sua capacidade de conduzir o Furacão em meio a tanta turbulência, principalmente agora que está encastelado e sozinho.

Se assessorado já estava difícil e agora como fica?

Como não conto com informações privilegiadas e desconheço os reais motivos da saída repentina dos nomes fortes dessa Diretoria, apelo para o bom senso e arrisco que esse afastamento foi motivado por incompatibilidades muito sérias com o atual Presidente. Mas certeza mesmo, só a de que algo muito grave está ocorrendo dentro do nosso Clube.

A Diretoria perdeu elementos importantes e as conseqüências ainda não podem ser mensuradas, mas de plano já não contamos com a experiência e seriedade do Ênio, que a meu ver era o “fiel da balança” e o resquício do passado vencedor, assim como sinto pela ausência da paixão atleticana que víamos personificada na pessoa da Yara.

Paralelamente às agruras da atual Diretoria, impossível ignorar a presença – e a candidatura “há qualquer tempo” - de uma das figuras mais importantes de toda a história do Clube Atlético Paranaense e o grande responsável por esse Atlético forte de que tantos nos orgulhamos e que desesperadamente tentamos resgatar: Mario Celso Petraglia.

Ele é polêmico, pode ter cometido erros graves, pode ter se isolado, pode ter preterido o nosso futebol em alguns momentos, pode ter proibido a bateria, ter mantido o Bob Fernandes e desistido em 2008, mas enquanto ele esteve lá o nosso Furacão foi respeitado e conduzido profissionalmente.

Entretanto, assim como uma seqüência do Malucelli o retorno do eterno Presidente também é uma incógnita. Petraglia ainda não deixou claro quais são seus projetos para o futebol, e se por um lado vemos a paixão com que ele expõe a Copa do Mundo e suas benesses, ainda não conseguiu “vender” o seu planejamento para o futebol!

Se for pra ser aquele comandante visionário, enérgico, que comparecia aos jogos como torcedor e que lutava com unhas dentes pela imagem e honra do nosso Furacão, acho que não temos candidato melhor.

Enfim, o dilema continua, por hora vamos aguardar os resultados das próximas partidas e a tão esperada evolução do time, caso contrário Malucelli será cobrado nos mesmos moldes em que Petraglia foi cobrado tantas vezes.

E caso isso não seja o suficiente, creio que não caberá outra postura que não a de partir para uma verdadeira Revolução.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.