Jean Claude Lima

Jean Claude Lima, 56 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".

 

 

Decifra-me ou te devoro!

18/06/2011


Adilson Batista está pisando em ovos. E na verdade é esse o clima geral na Baixada. Até mesmo a excelente equipe responsável gramado da Arena foi vítima do chamado fogo amigo, ao ser criticada pelos jogadores da casa, que reclamaram de um setor do gramado onde a bola não corre como deveria, o que segundo eles, anda prejudicando a evolução das jogadas pela lateral. A crítica poderia até passou despercebida por muita gente. Mas penso que ela é pesada, em especial se tratando de um estádio que é um dos melhores do Brasil e de um Clube que usa isso em sua política de comunicação. É como se um grande restaurante servisse seu cardápio em pratos sujos. “Não bate sol e o inverno chegou antes”, foi a singela explicação que justifica tudo e explica pouco. Pouco sim, pois na Inglaterra os gramados sofrem com invernos rigorosos e são em grande parte do tempo, impecáveis. Ah, mas você quer usar a Inglaterra como exemplo? Sim, e vou! Petraglia quando pensou a Arena junto com seus parceiros da época, buscou inspiração nos estádios ingleses.

Na Irlanda vi um sistema com iluminação que ficava mais ou menos a dois metros de altura do campo, sustentado por rodas e iluminava o gramado garantindo que a grama recebesse luz e calor. Nem é preciso dizer que mesmo com um frio de lascar, a grama era impecável. Quem quiser ver a foto é só pedir. Portanto, já há tecnologia de sobra para prever e evitar as surpresas climáticas e para a Copa, não devemos mais ser pegos de calças curtas.

Voltando a falar do treinador, Adilson já poderia estar mais tranqüilo na Arena. Ele e Rafael Santos deveriam ir à tenda do Pai Fumaça, pedir para que o mal olhado passe bem longe deles nos próximos dias, além de luz para decifrar os enigmas que envolvem a montagem da equipe. No jogo contra o Flamengo, Rafael vinha fazendo uma partida daquelas, não tinha perdido um lance até a fatídica bola perdida, que serviu para sua imediata crucificação. Pela segunda vez lá estava ele, em casa, diante de sua torcida, inapelavelmente “culpado” da perda de preciosos e valiosos pontos. Duas vezes culpado e condenado por centenas de torcedores. Até quem ousou tentar defendê-lo teve que se calar diante da ira coletiva. Tudo isso está devidamente creditado no cartão de Adilson Batista, hoje completamente na defensiva e precisando muito de uma vitória. Nas entrevistas o tom está mais cuidadoso, diferente das primeiras e revelando a perversa dinâmica do futebol, esporte onde só a vitória carrega a verdade.

O jogo contra o Figueira é uma daquelas equações sem resposta, pois não conhecemos as variáveis que fazem parte dela. Mudanças e mais mudanças em setores estratégicos do time, fazem que mesmo identificando a evolução na equipe, estejamos entregues ao plano da incerteza. Se você conversar de forma demorada com qualquer atleticano, é como se ele fosse um barril de pólvora prestes a explodir. Só falta uma faísca para provocar a explosão para o bem ou para mal. E todos acham que qualquer cenário é possível.

Por isso a resposta tem que vir do grupo. Cada jogador deve se doar mais do que vem fazendo bater no peito, chamar a responsabilidade e literalmente acreditar que é possível vencer, pois ninguém que ser devorado. Está chegando Santiago com todas as referências positivas que pode ter um jogador de futebol. Nessa negociação cheia de pancadas na mesa, pareceu que Alfredo Ibiapina não é muito de perder o trecho da conversa. Deve ter tido muito trabalho, investiu muito e vamos torcer para que ele esteja certo. Chega de sofrer!

Por fim, uma singela lembrança ao meu “xará” Jean Claude, ele sim francês de verdade, que agora depois de longos anos na Ferrero, caminha pelo marketing esportivo ao lado de Luca Casarino, italiano, que trabalhou em projetos onde eu estive envolvido. É sempre bom ver o respeito que alguns estrangeiros têm pelo Brasil e pelos brasileiros. Eles também tem que ter cuidado para não serem devorados pelo mundo do futebol.


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