Alexandre Sugamosto

Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.

 

 

Mudanças estratégicas

10/06/2011


O problema principal do nosso Furacão, estamos nos acostumando com a ideia de que temos que encontrar uma “solução”, vai um pouco além das mudanças externas: é uma questão de mentalidade e, provavelmente, só conseguiremos um resultado efetivo a médio prazo. No entanto, é importante perceber que temos algumas deficiências táticas crônicas e alguns problemas estratégicos que já poderiam ter sido resolvidos caso tivéssemos uma preparação, pré-nacional, mais adequada.

Como todo bom atleticano deve ter notado, nós não temos jogo pelas laterais. O motivo? Primeiramente porque não antes da chegada de Rômulo não podíamos contar com os laterais. Wendel é mediano, Wagner Diniz é comprometedor, Paulinho é mais um zagueiro –ou um médio defensivo- do que propriamente um lateral. Ora, quais seriam as soluções taticamente viáveis? A primeira delas era abrir mão dos “laterais” de função e jogar com dois alas. Poderíamos, então, jogar com três zagueiros fixos e dois volantes (talvez Deivid e Paulo Roberto) que fariam a cobertura pelas laterais. Parece-me, contudo, que Adilson é resistente ao sistema com três beques e, isso é evidente, qualquer mudança significativa no sistema de jogo teria que vir acompanhada de uma série de treinos táticos, demonstrações e adaptações por parte dos jogadores.

A outra situação alarmante é a falta de mobilidade. O futebol moderno exige, e o tão citado Barcelona é a maior prova disso, uma movimentação mínima por parte de todos os atletas. É impossível entrar em campo com uma formação fixa, como se fossemos um time de pebolim. Alguém tem que colocar na cabeça dos jogadores que a movimentação é a diferença quando se trata de ofensividade. Poucos jogadores parecem ter percebido essa necessidade.

Todavia, qual o principio ofensivo? De onde vem a bola? Obviamente, do campo defensivo; aqui começa a denúncia do nosso terceiro problema que se mistura com os outros dois: a falta de opções de saída de bola. Tome a partida contra o Grêmio como exemplo: não foi assustadora a quantidade de bolas que vimos nosso goleiro lançar diretamente para o campo de ataque? Ainda pior? Nas pouquíssimas vezes que tentamos sair tocando curto, perdemos a bola e nos complicamos. Alguns poderiam alegar que o Grêmio estava fechado e que o plantel atleticano não havia entendido as ordens de Adilson, mas ninguém pode mascarar os fatos.

O agravante é que temos um bom adversário domingo e sinto que sofreremos de alguns desses problemas. Torno a repetir: precisamos de uma mudança de mentalidade emergencial e, aliado a isso, um “choque de gestão” no que se refere à postura do time em campo. Ainda dá tempo. Estamos apenas começando e, com o time mediano que temos, podemos jogar o Brasileirão com alguma tranqüilidade. Conforme disse na semana passada, continuo acreditando nisso, basta acertar alguns pontos fundamentais.

(Essa coluna foi publicada por mim no “Fala, Atleticano” em 17 de fevereiro desse ano. Com algumas modificações pequenas, o conteúdo permanece inalterado e atual)


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