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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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O Atlético tem me transmitido um vazio tão grande, mas tão grande, que chega a amargar a boca, doer o peito, entristecer o rosto. Dá uma tristeza tão grande, mas tão grande, que até parece que uma parte da gente fica inútil, sem forças, sem graça, sem nada. Um enorme vazio, sentimento dos piores que já experimentei com o Atlético do meu coração.
Isso que está aí não é o meu Atlético. Este clube que está nas mãos desses caras aí, está longe, muito longe de ser aquele meu Atlético, forte na alegria, mais forte ainda na tristeza. O meu Atlético deu um tempo pra mim, foi me deixando aos poucos mais e mais distante, até que me fez sentir esse vazio. Essa coisa sem gosto, meio que sem compromisso, completamente sem qualquer tesão.
A partir do momento em que o prazer torna-se sacrifício, a melhor escolha é o tempo. Ficamos os dois, eu e o Atlético, nos observando de longe, sem saber ao certo o que será o amanhã. Sempre, durante toda a minha vida, dediquei tudo ao clube, mas quando a própria instituição é desrespeitada, deixada de lado e movida por oportunistas, o melhor é se afastar. Deixar e rezar para que o tempo cure as feridas e que me traga, de volta, o meu Atléltico.
Não estou aqui para julgar o que é certo e errado. Já cansei disso. Quanto tempo nós, torcedores, imploramos por mudanças, alertamos sobre os erros e de forma direta ou indireta mostramos ao nosso presidente e demais dirigentes, que o caminho estava errado? Quantas vezes? Quantas vezes exigimos e quanto tempo demorou para alguém enxergar que Bolicenho não agregava absolutamente nada ao Atlético? Quantas e quantas vezes gritamos que precisávamos de reposições a altura para os lugares de Neto e Rhodolfo? Quantas vezes falamos que iriam “matar” o Paulo Baier se o escalassem como atacante ou centroavante, e não como meia de criação? Apenas alguns exemplos de como mostramos a luz de alerta por várias e várias vezes...
Gente, pelo amor de Deus, coisas básicas, coisas óbvias, que qualquer torcedor consegue perceber. Mas é engraçado como a vida do Atlético virou dezenas de dirigentes contra milhares de torcedores. Parece piada, parece picuinha, parece descaso, parece birra. Fizeram e desfizeram do Atlético, prometeram títulos e mais títulos, e sequer o burro campeonato regional conseguimos levantar. Copa do Brasil? A mesma ladainha, ano após ano.
Promessas? Isso tem aos montes. Entra dirigente, sai gerente, e o discurso de confiança continua o mesmo. Seria muito mais digno nossos diretores ou mesmo o presidente declarar publicamente que tudo está muito ruim, que o momento está péssimo, mas que seria feito das tripas coração para devolver o Atlético aos atleticanos. Mas não. Insistem em nos enganar, nos chamar de palhaços “na cara dura”, e continuam a usufruir dos benefícios que o clube oferta a todos aqueles que não estão nem aí para a instituição.
Precisava e tinha a obrigação de esclarecer ao torcedor atleticano o motivo do meu afastamento. Precisava dizer a todos os meus leitores porque hoje as minhas quatro cadeiras da Baixada estão vazias. Precisava dizer que alimento e sempre alimentei a instituição Clube Atlético Paranaense, mas jamais alimentarei a corja e os políticos que tomaram conta do Atlético.
Não abandono o Furacão, pois ele faz parte da minha alma, está dentro do meu coração. E amores sinceros são para sempre, jamais se vão. Abandono sim o nariz de palhaço, a indiferença e a mentira. Isso não aceito, e jamais aceitarei. Com todo o respeito aos sócios, não posso dizer “sim” a tudo isso.
Precisava voltar aqui, neste espaço tão precioso, só para dizer que sonho com o meu Atlético de volta. Mas agora, preciso muito dizer que sinto apenas um imenso vazio.
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