Alexandre Sugamosto

Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.

 

 

Um começo lamentável

22/05/2011


“Nós não estamos entendendo o que o Adilson quer. Está todo mundo embolado no meio de campo.” Paulinho, lateral esquerdo do CAP.

Tínhamos tudo para começar o campeonato de maneira razoável: um técnico que teve dez dias para trabalhar, alguns reforços, o aprendizado das eliminações na Copa do Brasil e das derrotas para o time do alto da glória. No entanto, o que vimos em campo foi totalmente diferente do esperado e nem mesmo o mais pessimista dos torcedores esperaria tamanha confusão.

Eu, sinceramente, não quero “fritar” o Adilson - confesso que me iludi com seu começo de trabalho: vi algumas melhoras, parecia que íamos ganhar um técnico vibrante, torcedor, que daria um padrão de jogo à equipe - parecia. Contudo, não existe a mínima possibilidade de não colocarmos a derrota de ontem na conta do treinador.

A escalação inicial foi bizarra: nem mesmo os “analistas táticos” do PFC conseguiram desenhar nosso time em campo. Ninguém estava entendendo. Entramos em campo com três volantes, dois laterais-esquerdos, um meia e um ponta-direita. Eu afirmei no Twitter antes de começar a partida: “ Ou o Adilson é o maior gênio tático de que temos notícia ou está tremendamente equivocado”. Dito e feito. Um meio campo totalmente confuso, jogadores batendo cabeça, nenhuma jogada explorando a velocidade do Rômulo, saída de bola fracassada, ligações diretas, Manél e Rafael, alguém nos proteja dessa dupla, distribuindo chutões e Guerrón isolado no deserto da área adversária – e ainda perdendo mais um gol de frente pro crime -.

Do outro lado, vimos um Galo organizado. Mesmo com três falsos volantes, explorou a velocidade no meio campo, tocou a bola e, sobretudo, jogou em cima da fragilidade de nosso flanco esquerdo e de nossa infantilidade para conter ataques aéreos. Quero fazer uma anotação extra: a infame entrada de Wendel, sim, um volante, quando o jogo estava 3x0.

Escrever sobre formação tática do CAP, no entanto, é chover no molhado. Se Adilson escalasse um time básico: Renan, Marcelo Oliveira, Rômulo, Fabrício, Hugo- já vi jogar e é melhor que os dois trapalhões atuais-, Cleber Santana, Deivid, Branquinho, Guérron– Baier não dá mais-, Adaílton e Nieto (Um 4-2-1-3 com poder ofensivo e de marcação), acredito que teríamos mais chances.

Infelizmente, como disse nosso treinador, não temos direito de criticar coisa nenhuma vendo o jogo pela televisão e se entrássemos com um time mais ofensivo “teríamos levado 5 ou 6”. Ah, levaríamos a maior goleada do ano de um time que foi eliminado pelo Grêmio Prudente na Copa do Brasil? Em todos os sentidos possíveis, um começo lamentável.


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