Ana Flávia Weidman

Ana Flávia Ribeiro Weidman, 41 anos, é servidora pública federal e já veio ao mundo comemorando uma vitória rubro-negra. É perdidamente apaixonada pelo Furacão e fica com os olhos marejados toda vez que vê o time entrando em campo e ouve os primeiros acordes do hino atleticano!

 

 

Cornetagem

10/05/2011


No futebol, todo torcedor é um corneta em potencial. Se você, meu querido atleticano, irá desempenhar tal papel, aí já é outra história. Recentemente, temos ouvido diversas reclamações de técnicos e jogadores a respeito da, digamos assim, impaciência, de parte da torcida rubro-negra na Baixada. No caso de Geninho, critiquei o treinador e saí em defesa dos atleticanos, pois naquela ocasião entendi que não era apenas uma insatisfação com o comportamento do torcedor, mas sim uma transferência de responsabilidade pelo fracasso dentro de campo. Por último, ouvimos Baier pedir compreensão e Adilson Batista quase implorar para que as vaias só aconteçam ao final da partida.

Custo a entender o que leva um cidadão a deixar a sua casa e a sua família e ir para a Baixada vaiar jogador. Não que às vezes eu também não tenha vontade, só não acredito que as minhas vaias farão com que Paulinho vá até a linha de fundo e acerte um cruzamento. Se meus gritos de incentivo não tem esse poder, não são as minhas vaias que o farão.

Diferente de alguns, não acho que a torcida atleticana tenha perdido a paixão e a vibração. Mas não tenho uma explicação para esse fenômeno de cornetagem que estamos presenciando na Baixada. Por vezes acreditei que era resultado do tratamento dado pela administração do Atlético aos seus torcedores. Desde que começaram a nos tratar como consumidores, é natural que o torcedor passe a exigir os direitos inerentes a qualquer relação de consumo: a sua satisfação pessoal. Se o consumidor não está satisfeito com o produto comprado, tem o direito de reclamar. É assim que funciona.

Mas aí fiquei pensando nos torcedores do Real Madrid, do Flamengo, do São Paulo e creio que a cornetagem que estamos presenciando nos últimos tempos seja resultado dessa época em que todos buscam a própria satisfação a qualquer custo. Ninguém mais tolera receber um "não", da mesma forma que ninguém está pronto para lidar com a frustração. Se as coisas não acontecem como queremos, ficamos irritados e passamos a nos comportar como animais.

É bem verdade que o futebol mexe com a gente, com o nosso estado de espírito, com o nosso humor mas ele não está aí para nos servir. O Atlético não existe para nosso deleite. Sinto um clima de desânimo quando estamos a dois dias de uma partida importantíssima, que poderá nos colocar na semi-final da Copa do Brasil. O Vasco e São Januário merecem respeito mas não acreditar que podemos sair de lá com uma vitória é ser pessimista ao extremo. Temos uma difícil missão e não uma missão impossível.

Acredito que todos devamos fazer uma autoavaliação do nosso papel como torcedores e analisar a postura que temos tido diante do Atlético. Quando vai bem, é só amor! Quando vai mal, é só tijolada. Todos temos o direito sagrado de criticar, mas penso que devamos refletir a respeito, principalmente, das vaias durante o jogo. Definitivamente, só atrapalha.




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