Ana Flávia Weidman

Ana Flávia Ribeiro Weidman, 41 anos, é servidora pública federal e já veio ao mundo comemorando uma vitória rubro-negra. É perdidamente apaixonada pelo Furacão e fica com os olhos marejados toda vez que vê o time entrando em campo e ouve os primeiros acordes do hino atleticano!

 

 

O meu papel é viver o Atlético

03/05/2011


Mesmo sendo menina eu sonhava em jogar no Atlético. Várias vezes me imaginei jogando ao lado de Reginaldo Cachorrão e fazendo lançamentos milimétricos para Oséas e Paulo Rink. Com a camisa rubro-negra eu cobrava faltas na forquilha da garagem lá de casa e batia pênalti entre o pé de caqui e o pessegueiro. Foi mais ou menos nessa época que peguei a mania de beijar e beijar e beijar o escudo do Atlético na minha camisa. Até hoje, antes de cobrança de pênalti ou falta importante e depois de gol, eu beijo o escudo!

O Atlético faz parte da minha vida desde sempre. E isso eu devo ao meu pai, o seu João. Foi ele quem, aos poucos, forjou o meu espírito atleticano!

Meu pai sempre foi (e é!) um sujeito engraçado. Morávamos em Piraquara e em dia de jogo, quando estávamos à caminho da Baixada (ou do Pinheirão), ele não podia ver ninguém com a camisa do Atlético em ponto de ônibus. Sem pensar muito já encostava o carro e oferecia carona para o ilustre atleticano desconhecido. Ninguém nunca recusou! Ele enchia o carro de gente e eu achava aquilo o máximo! Não importava quem eram aqueles sujeitos e muito menos o que faziam. Naquela hora só importava ser atleticano!

Foi assim que conhecemos o Edson. Era noite de quarta-feira na velha Baixada e ele, sentado ao meu lado, começou a resmungar que teria que sair antes do jogo acabar. Ele me explicou que morava longe e o último ônibus saía do Guadalupe às 23 horas. “Onde você mora?”, perguntei. Ele respondeu: “Piraquara.” Opa, cutuquei meu pai e contei a história. Seu João já me olhou com um sorriso maroto e nós dois pensamos a mesma coisa. Levamos o atleticano desconhecido para casa e já combinamos de ir juntos ao jogo no próximo domingo. E assim foi. Domingo após domingo eu e meu pai buscávamos o Edson em casa e íamos para a Baixada. Ganhamos um grande amigo! O Edson era uma figura, cheio de manias, como todo bom rubro-negro. No início não falava muito, principalmente durante o jogo. Assistia a partida sempre muito sério que chegava a ser engraçado. Depois, tornou-se a nossa fonte de riso e nos rendeu histórias hilárias! O tempo passou e quis o destino que uma fatalidade levasse o Edson para morar no céu. Novo ainda levou a bandeira do Furacão com ele. Lá em cima o time rubro-negro precisava de reforços... Senti tanto pelo Edson não ter visto a inauguração da nova Arena e, principalmente, por não ter vivido o ano de 2001! Ele ia ficar bobo!

Lembrei do Edson essa semana porque fiquei pensando que cada atleticano desempenha um papel na história do Clube. Alguns terão vida curta e passarão muito rápido, como o Edson. Outros deixarão seu nome escrito para toda a eternidade. Mas todos levaremos conosco, dentro do coração, lembranças inesquecíveis de momentos que só o Atlético nos fez viver.

O meu papel é viver o Atlético intensamente! E é por conta disso que eu não posso me furtar a abraçar o Furacão nessa Copa do Brasil e, especialmente, no jogo decisivo de amanhã! Tantos atleticanos gostariam de ter essa oportunidade de acompanhar e viver o time! Eu tenho e não vou desperdiçá-la. Por pouco não fomos o maior das Américas com um time que tinha Fabrício na meiuca e Lima no ataque. Ora, quem disse que não podemos ser campeões da Copa do Brasil?

Se alguns atleticanos entendem que o papel deles é participar da administração do clube, que o façam de forma digna! O meu papel é viver e torcer pelo Atlético até morrer! Àqueles que dividem comigo essa honra, nos vemos amanhã na Baixada!


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