Alexandre Sugamosto

Alexandre Sugamosto e Silva, 39 anos, é produtor cultural e consultor. Vê o futebol como uma guerra estratégica e acredita que a heráldica atleticana deve ser motivo de temor e reverência por parte dos adversários. Adepto do jogo ofensivo, sonha em rever os dias gloriosos do Furacão das Américas.

 

 

Partido atleticano

29/04/2011


Nós percebemos que tem alguma coisa errada com um time de futebol, quando precisamos ficar semanas a fio escrevendo sobre “política”. Quer dizer, essa pseudo-política que a bancada da bola pratica dentro dos clubes sem a menor responsabilidade. Posições neutras são improváveis: eu, a despeito das repetidas críticas aos antigos diretores, fui tachado de “petraglista”. Confesso que não sei o que isso quer dizer. Que sou adepto das políticas adotadas por Mário Celso? Se escrevo que: “dessa vez o MM acertou”, sou “falaciano”, um tipo de atleticano um pouco resignado, meio envergonhado por elogiar uma nau à deriva. Se simplesmente não me manifesto, sou alienado, uma vergonha como colunista, um “piá de prédio” que representa muito bem a nova geração de atleticanos.

Porém, quando os menos hipócritas criam vergonha de me perguntar diretamente, respondo sem titubear: “sou atleticano”. Ora, é elementar. Os que torciam no Pinheirão, eu, por exemplo, os da “geração Arena da Baixada”, os cultos e os apaixonados. Ou agora vão inventar outros sectarismos cegos? Vamos criar novas torcidas, comandos, facções? Embora possamos identificar legiões dentro da massa, como bem fez o amigo Silvio Toaldo, todos podem torcer como bem entenderem.

Bons atleticanos, meus camaradas, são, sobretudo, aqueles que te direcionam uma pergunta com o intuito de bater um papo: “E o nosso Furacão hein?”; “pois, respondo eu, ainda está se equilibrando nas próprias pernas”. Contudo, não podemos esperar esse tipo de cordialidade vinda de todas as partes do globo: é necessário responder às células espúrias que, ainda sim, fazem parte da mesma nação rubro-negra.

Para alguns tipos, sedentos de uma vingança muito estranha, esclareço alguns pontos importantes:

a) Sim, eu tenho espírito lúdico. Não sou contrário ao fair-play e ao reconhecimento de um adversário superior em algum instante. Apesar disso, continuo achando que o abraço do Sr. Geara não estava cumprindo uma função “esportiva” e que sua atitude, embora eu não o conheça pessoalmente, foi desnecessária pela forma como se deu. Ponto. Ao escrever sobre isso, não fiz incitação de violência, não promovi guerra entre torcidas – como se tivesse esse poder- e não afirmei que “temos que pisar nos verdes” – meus avós maternos, aliás, seriam os primeiros a sofrer o golpe-. Todavia, acredito que a extrema cordialidade mostrada por nossos dirigentes com os adversários não está sendo retribuída: o anel inferior do Couto Pereira, onde somos cuspidos e temos bandeiras arrancadas, a má vontade com a Libertadores de 2005 e outros tantos episódios explicam um pouco da falta de bilateralidade na diplomacia.

b) A taça: os leitores que me acompanham no Twitter sabem que eu estava me lixando para essa taça. Escrevi sobre ela pensando na questão segurança (colocada pela PM e não por mim): excetuando-se esse fator, pouco me interessa o assunto. Apenas não bato no peito e digo: “Tem que erguer a taça sim, devíamos ter vencido e evitado”.

c) O time: Essa respondo diretamente à um acéfalo, que se diz torcedor rubro-negro, que alegou ser um “delírio achar que esse time é bom e que meu comentário era motivo de riso”. Pois bem: eu nunca escrevi que o atual elenco estava pronto para ganhar coisa nenhuma. Disse, não obstante a goleada sobre o Bahia, que precisávamos de reforços para qualificar o elenco na disputa da Copa do Brasil. Acompanho futebol brasileiro, agora mesmo estou vendo o jogo do Santos, e sei que com alguns REFORÇOS podemos ter um time, no mínimo, competitivo. A Copa do Brasil, ademais, é uma competição conhecida por consagrar surpresas, times sem tanta expressividade que souberam jogar a competição de conformidade com suas regras. Podemos parar no Vasco? Os possíveis reforços e as idéias táticas de Adilson poderão, sim, reverter um quadro de preocupação e eliminação precoce.

Espero que possamos ter um pouco de paz extra-campo. Aguardo o tempo em que tenhamos novamente o orgulho positivo de dizermos que somos atleticanos. Que deixemos de ser motivo de riso por parte dos adversários e que o time dentro de campo reflita uma gestão lúcida e adequada. Para quando, ou quem será responsável por essa mudança? Sinceramente, não sei.

Conspirações, ou atitudes da situação, que estejam fora disso? Devem ser deixadas de lado. O símbolo rubro-negro persistirá sobre administrações incompetentes e egos inflamados.


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